31 março 2017

Mubadala vai fazer proposta por Invepar

O fundo soberano Mubadala, de Abu Dhabi, vai apresentar nos próximos dias uma proposta para entrar no capital social da Invepar. Segundo o Valor apurou, o plano é assumir os 24,4% da OAS que vão para os credores e realizar uma capitalização. Ao fim da operação, o objetivo do fundo é ficar com cerca de 40% das ações da holding de infraestrutura que detém, dentre outros ativos, o aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, a Linha Amarela, no Rio de Janeiro, e o MetrôRio.

Com isso, os fundos de pensão Previ, Petros e Funcef , que hoje compartilham o controle com a OAS, seriam diluídos. Juntos, os fundos são donos de 75,6% das ações. Há consenso entre as partes sobre a necessidade de injeção de recursos na companhia. Embora tenha vendido um ativo no Peru que gerou a de quase R$ 5 bilhões no caixa, a avaliação é de que ainda é preciso maior liquidez para que a Invepar possa tocar as operações do portfólio atual com maior conforto e aproveitar possíveis oportunidades de novos negócios a partir de 2018.

Devido à situação financeira mais delicada, a companhia teve de ficar de fora da última rodada de leilão de aeroportos que trouxe quatro ativos ao mercado. Também não tem estudado as licitações de rodovias que estão sendo realizadas a nível estadual.

Embora a proposta de preço não tenha sido revelada, a avaliação de parte do mercado é de que a Invepar hoje deve ter um valor menor do que quando a OAS iniciou processo de venda de sua parte. Essa leitura leva em conta as citações da holding em operações de investigações conduzidas pelo Ministério Público (MP) desde então e a própria venda do ativo no Peru que, embora considerada necessária, é vista como uma redução do tamanho da empresa e perda do que era considerado um dos melhores ativos.

A fatia da empreiteira chegou a ser negociada por R$ 1,35 bilhão com um fundo de infraestrutura da canadense Brookfield, mas as negociações não prosperaram porque não se chegou a um consenso sobre a governança e a gestão da holding. Ao mesmo tempo, os fundos de pensão registravam em seus balanços valor patrimonial acima de R$ 2 bilhões para suas respectivas participações.

A transferência das ações da OAS para os credores deve ocorrer até o início de maio. Enquanto isso, Previ, Petros e Funcef contrataram o BTG Pactual que conduz a negociação com o Mubadala para buscar investidor para holding. Segundo fontes, a conversa com o fundo de Abu Dhabi é a que está mais avançada, mas o italiano Atlantia também foi contatado.

Os envolvidos nas negociações afirmam que não há desejo dos credores, que constiuíram um FIP para assumir as ações, de ficarem como acionistas da Invepar. O objetivo dos fundos de pensão, portanto, é ter um projeto de capitalização estruturado que possa ser aprovado e colocado em prática tão logo os credores tomem posse dos 24,4% da OAS.

Em paralelo, a própria Invepar estuda planos alternativos para tornar sua situação financeira mais confortável, que incluem a possível venda de mais ativos. A empresa tem contratados Banco do Brasil e Santander para estudar possibilidades no mercado. Nesse caso, a CCR é citada como uma das potenciais compradoras.

A administração da companhia, que não é parte ativa nas negociações a cargo dos acionistas, não pode dar como certa uma solução que vem de cima nem prever o prazo em que isso pode acontecer. Se uma injeção de capital não for acertada, a empresa precisa estruturar outras maneiras de levantar recursos e reduzir a alavancagem.

A empresa divulgou quarta-feira à noite o balanço de 2016. Com a venda da rodovia no Peru, teve um lucro de R$ 409 milhões. Descontado esse efeito, a
     
Invepar estima que teria registrado um prejuízo de R$ 961 milhões. A receita líquida caiu 5,6%, para R$ 4 bilhões.-  Por Victória Mantoan e Ivo Ribeiro Fonte: Valor Econômico Leia mais em sinicon 31/03/2017

31 março 2017



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