23 janeiro 2017

TI - RADAR de Fusões e Aquisições em 2016 - queda de 9,3%.

As fusões e aquisições na área de TI e Telecom no Brasil, em 2016, tiveram queda de 9,3% sobre o ano anterior, com 40% do movimento oriundo do setor de SOFTWARE. Foram apuradas 233 operações.  Este volume movimentou 12,7 bilhões de reais, representando uma queda  de 2,6%, com mais da metade do movimento proveniente do segmento de SERVIÇOS DE TI.
Quanto ao racional do investimento as operações direcionadas à Escala predominaram.
Transações envolvendo empresas de pequeno e médio portes foram em maior volume.
Queda significativa do número de transações de pequeno porte e também de médio-grande porte.
Os investidores estratégicos foram  mais ativos dos que os financeiros, em volume (63,1%) e montantes (76,4%).
Os investidores nacionais responderam por 63,5% dos negócios e 19,4% dos investimentos, enquanto os investidores estrangeiros foram responsáveis por 36,5% dos negócios e 80,6% dos investimentos.
O perfil do valor médio dos negócios do investidor estratégico é quase o dobro do investidor financeiro. E o perfil médio de interesse do investidor estrangeiro é cerca de 6 vezes superior ao perfil médio dos negócios do investidor nacional.
Foram registrados 85 operações de 23 países de origem, sendo os EUA  responsáveis por 47,7% desse total.
O Indicador de Volume de Transações de M&A no final do ano  sinaliza uma ligeira retomada após o viés de queda.
As maiores transações no Brasil anunciadas em 2016 foram: CCR & DBTrans; GetNet & Ticket; Telefônica BR & Towerco Latam Brasil; NeoBPO & Tivit; Via Varejo & Cnova.
As maiores transações no Exterior anunciadas em 2016 foram: AT&T & TimeWarner; Microsoft & LinkedIn
Não foram realizadas operações de IPO por empresas de TI.

Operações de Fusões e Aquisições de Tecnologia da Informação – TI e Telecom, noticiadas com destaque na imprensa brasileira ao longo de 2016. As informações deste relatório, elaborado pelo Blog FUSÕES & AQUISIÇÕES (http://fusoesaquisicoes.blogspot.com.br) estão apresentadas em blocos, detalhando as transações por Volumes e Valores, Segmentos, Racional do Investimento, Porte das empresas, Perfil do Investidor, dentre outras.

ANÁLISE DO ANO DE 2016

Principais constatações.

No ano de 2016  foram apuradas 233 transações, representando uma queda de 9,3%  em relação ao ano anterior.


No mês de dezembro/16 foram realizadas 25 transações, crescimento de 4,2% em relação a dez/15 (24 operações)  e aumento de 66,7%  em relação ao mês  anterior, nov/16 (15 transações).


O fluxo de transações realizadas trimestralmente evidencia um mercado crescente nos 3 primeiros trimestres do ano e queda no último. O 3º trimestre/16 sinaliza uma expectativa de retomada  de negócios a ponto de ter alcançado o maior número de operações da série histórica iniciada em 2011.  Entretanto, a crise politico econômica se mostrou mais profunda, repercutindo na redução significativa do número de transacões no 4º trimestre.


O objetivo do Indicador de Volume de Transações de M&A é sinalizar uma expectativa de tendência, com base na análise do verificado nos períodos semestrais móveis. O período móvel findo em dezembro/16, sinaliza uma ligeira retomada após o viés de queda.


No ano de 2016, o segmento de SOFTWARE continua liderando  como o mais ativo desde 2013. Depois de SOFTWARE, os segmentos de SERVIÇOS DE TI e MÍDIA  foram o 2º e 3º com maior número de transações, desbancando SERVIÇOS DE INTERNET e COMÉRCIO ELETRÔNICO, vice-líderes em 2015.

Na classificação entre os Segmentos de TI no ano de 2016, o subsegmento de Finanças, Comunicações, Educação, Saúde, Energia e Meio ambiente, Setor público.. (Verticais App) de SOFTWARE lideraram o número de transações, com 21,9% do total.


No que tange aos montantes das transações, incluindo as operações que divulgaram os valores e as não divulgadas (estimados), o ano de 2016  totalizou cerca de 12,7 bilhões de reais, representando uma queda em relação ao ano anterior de 2,6%. Desse total, 72,8% correspondem ao Valores Divulgados e 27,2% Valores Não Divulgados.

Comparando-se o número de transações por segmentos compiladas em 2016, com o ano anterior, verifica-se crescimento em dois segmentos e queda/estável em outros cinco.
SERVIÇOS DE INTERNET e COMÉRCIO ELETRÔNICO foram os de maior queda. O destaque ficou por conta do apetite dos segmentos de SOFTWARE e SERVIÇOS DE TI, com crescimento significativo do número de transações.


RACIONAL DO INVESTIMENTO - A intenção é distinguir as transações de M&A na área de TI, Telecom e Mídia, em função da Tese de Investimento, ou seja, os conceitos que prevaleceram para a aquisição da empresa-alvo. Na maior parte das vezes a notícia não é muito clara a respeito dos direcionadores de valor que levaram à aquisição. Mesmo assim, procurou-se identificar as premissas sobre o Racional da transação para segregar em 4 grandes grupos, de modo a permitir o entendimento das principais vetores que estão orientando os investidores estratégicos e financeiros.

Em 2016 as operações com o racional do investimento direcionado para Escala prevaleceram - voltadas para ampliar a participação de mercado em alguns segmentos ou geografias.
Vale destacar, no comparativo com  2015, o maior crescimento relativo ocorreu no racional voltado para a Internacionalização.

(1) Aumentar a atual capacidade ou faturamento; penetrar em novos mercados geográficos
(2) Aumentar ofertas de novos produtos e serviços – expansão/ complemento do mix, ampliar competências
(3)Aumentar market-share, aproveitar sinergias e economias de escala, geralmente entre duas companhias com negócios similares
(4) Empresa brasileira adquire empresa de capital estrangeiro – acesso a mercados globais seja no âmbito do escopo, seja de escala;

PORTE DAS EMPRESAS - O objetivo é proporcionar uma visão das transações classificadas em função do porte das empresas. Utilizou-se o critério adotado pelo BNDES e aplicável a todos os setores para a classificação do porte em função da Receita Bruta anual (informada ou estimada).

Em relação ao porte, os investidores deram preferência para empresas de pequeno e médio portes em 2016. Interessante notar as quedas significativas, 21%  do número de transações de pequeno, e de  33% de médio-grande porte no comparativo com 2015.

 • Microempresa <= R$ 2,4 milhões
 • Pequena empresa > R$ 2,4 milhões e <= R$ 16 milhões
 • Média empresa > R$ 16 milhões e <= R$ 90 milhões
 • Média-grande empresa > R$ 90 milhões e <= R$ 300 milhões
 • Grande empresa > R$ 300 milhões

Quanto ao valor médio das transações em 2016, por Segmento de TI, verifica-se um crescimento de  8,5% em relação ao ano anterior. Interessante notar que a maioria (4) dos segmentos, tiveram queda no seu valor médio, comparativamente ao ano de 2015. A redução mais significativa foi de SERVIÇOS DE TELECOM.

PERFIL DO INVESTIDOR - Em relação ao perfil do investidor, das 233 operações, os Investidores Estratégicos foram responsáveis por 147 negócios em 2016, representando 63,1%, sendo que em valor responderam por 76,4% do total .
Desse volume, 90 operações foram realizadas por empresas de capital nacional -  38,6% e em valor foram responsáveis por 10,1% -   e 57 de capital estrangeiro - isto é, 24,5% em número e 66,3% em valor .

Os investidores financeiros,  representados por Fundos de Investimentos realizaram  86 negócios - 36,9% e 23,6% em valor.
Estão distribuídos entre capital estrangeiro com 28 negócios, 12,0% e 14,3% em valor,  e de capital nacional com 58, ou seja 24,9%, e responderam por 9,3% em valor.

No total, os investidores nacionais responderam por 63,5% dos negócios e19,4% dos investimentos. Os estrangeiros, por sua vez, por 36,5% dos negócios e 80,6% dos investimentos.

Quanto ao valor médio das transações, interessante notar que o perfil do valor médio do investidor estratégico é quase o dobro do investidor financeiro - 89,4%. E o perfil médio de interesse do investidor estrangeiro é cerca de 6 vezes superior ao perfil médio dos negócios do investidor nacional.
(1) Empresa adquire outra empresa (controladora ou não) relevante do ponto de vista estratégico, a fim de ter acesso a tecnologia, produto ou serviço.
(2) Fundo de Investimento Private Equity; Venture Capital, Angel;
(3) Empresa de capital nacional adquirindo participação em empresa brasileira (controladora ou não).
(4) Fundo de Investimento de capital estrangeiro adquirindo participação em empresa brasileira (controlador ou não).

NACIONALIDADE DOS INVESTIDORES - Em relação à nacionalidade das empresas que estão investindo no Brasil no ano de 2016, foram registradas 85 operações de 23 países de origem.

Os EUA foram responsáveis por 47,7% desse total, com 38 negócios. Os segmentos SOFTWARE  e de SERVIÇOS DE TI  foram o mais representativos, com 39%  e 22% do total das transacões americanas.

MAIORES TRANSAÇÕES EM TI DIVULGADAS EM 2016

NO BRASIL
  • CCR vende dona do Sem Parar por R$ 4 bi. A CCR, junto com os demais acionistas, vendeu a Serviços e Tecnologia de Pagamentos (STP), dona da Sem Parar, para a DBTrans, que é garantida pela Fleetcor. O valor total da venda foi de R$ 4,086 bilhões.
  • Fundador da GeTnet vende empresa de gestão de frota para dona da Ticket.  A rede francesa Edenred, dona no Brasil da marca Ticket, de cartões de benefícios,  anuncia a compra do controle da Embratec (Empresa Brasileira de Tecnologia e Administração de Convênios), que atua no rastreamento e gerenciamento de frota de veículos leves e pesados e pertence ao empresário gaúcho Ernesto Corrêa da Silva Filho.Corrêa recebeu da empresa francesa R$ 790 milhões em dinheiro e ficou com 35% do negócio. 
  • Telefônica Brasil vende torres por R$760 mi para controlada indireta de matriz. A Telefônica Brasil informou a venda de torres para uma controlada indireta de sua matriz espanhola, Telefónica, em uma operação que visa otimizar alocação de capital da companhia brasileira. A transação envolveu 1.655 torres que foram vendidas à Towerco Latam Brasil por 760 milhões de reais.
  • Tivit divide-se em duas empresas com avanço de digitalização. Empresa criada vai se chamar NeoBPO e ficará com a maior parte dos funcionários da Tivit e 700 milhões de reais em faturamento anual.  Vai dividir seus negócios a partir do início do próximo ano, tornando independente a área que lida com serviços como atendimento automatizado de clientes, conhecida como BPO. A Tivit, que tem hoje 27 mil funcionários e vendas anuais de cerca de 2,5 bilhões de reais, vai transferir cerca de 20 mil empregados para a NeoBPO.
  • Via Varejo vai integrar operações de comércio eletrônico no Brasil. A Via Varejo, controlada pelo Grupo Pão de Açúcar, anunciou a intenção de fazer uma reorganizações que contempla a integração das operações de comércio eletrônico no Brasil pertencentes atualmente à Cnova, que opera os sites das bandeiras Ponto Frio, Casas Bahia e Extra.  Pelos termos do memorando divulgado há a expectativa de um pagamento de US$ 127 milhões da Via Varejo à Cnova. 
NO EXTERIOR
IPOs

RELAÇÃO DAS TRANSAÇÕES
A relação das transações de Fusões e Aquisições na área de TI, segue a data em que foram divulgadas pela imprensa e compiladas pelo blog fusoesaquisicoes.blogspot.com. Todas podem ser pesquisadas e localizadas no blog.
• RELATÓRIO ANTERIOR: TI - RADAR de Fusões e Aquisições, em NOVEMBRO/2016

M&A - QUEM, O QUÊ, QUANDO, QUANTO, COMO e POR QUÊ

 O RADAR de M&A em TI tem o propósito de captar o “clima” do mercado das operações de Fusões e Aquisições, no setor de serviços de Tecnologia da Informação e Comunicação, bem como sinalizar suas principais tendências. Trata-se da compilação mensal das notícias visando tornar mais acessíveis e conhecidos os negócios de fusão, aquisição e venda anunciados/realizados entre empresas com atuação no Brasil. Todas as informações sobre os negócios citados no presente relatório são obtidas a partir de notícias consideradas confiáveis publicadas pela imprensa e divulgadas no “estado" pelo blog FUSOESAQUISICOES.BLOGSPOT http://fusoesaquisicoes.blogspot.com.br , não sendo feita qualquer verificação quanto à sua veracidade, precisão ou integridade do conteúdo. Sempre que possível, serão mencionados os nomes dos compradores – investidor estratégico ou fundos de private equity, dos vendedores, a tese de investimento e principais “value drivers”, o valor da transação, forma de pagamento, múltiplos praticados (Valor da Empresa/EBITDA, Valor da Empresa/Receita) etc. Muitas vezes a notícia não é clara a respeito dos valores/forma de pagamentos e respectivos múltiplos. É bem-vinda toda e qualquer contribuição para tornar as informações mais precisas e transparentes.

23 janeiro 2017



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