Wärtsilä aposta em desinvestimentos da Petrobras para ampliar negócios

Principal fornecedora de motores para termelétricas no Brasil, a finlandesa Wärtsilä aposta no plano de desinvestimentos da Petrobras para ampliar o volume de negócios no país. A companhia tem acompanhado e conversado com as empresas que participam da rodada de negociações para aquisição de campos terrestres da estatal, o chamado "Projeto Topázio".

"[O plano de desinvestimentos da Petrobras] traz novos entrantes, pessoas com idéias novas, que queiram fazer alguma coisa diferente. Estamos assessorando empresas que avaliam esses ativos que a Petrobras está oferecendo [campos em terra]", afirmou o Gabriel Cavados, gerente de desenvolvimento de negócios da Wärstilä.

A estratégia da companhia é avaliar a oportunidade de fornecer máquinas para térmicas que aproveitem o gás natural produzido nessas áreas, no modelo conhecido como "gas to wire". "Existem várias bacias para exploração de gás, mas gasodutos só existem na costa [litoral]. A maneira de viabilizar campos de  gás onshore é através desse tipo de projeto. E pode ser uma iniciativa para resolver o problema de fornecimento de gás para térmicas", completou Cavados.

Segundo ele, a Wärtsilä já atende três projetos do tipo no Brasil. O mais recente é o da termelétrica Prosperidade I, da Imetame, que será construída em Camaçari, na Bahia. A finlandesa fornecerá três motores a gás para a termelétrica, de 28 megawatts (MW) de capacidade instalada, que está prevista
para entrar em operação em janeiro de 2018. O valor do contrato não foi revelado. Existe ainda uma possibilidade de expansão da usina para 90 MW. O investimento na primeira fase da térmica é da ordem de R$ 95 milhões.

As máquinas serão produzidas na fábrica da Wärstilä em Vaasa, na Finlândia, onde fica a sede da companhia. A expectativa é que elas sejam entregues à Imetame entre abril e maio do próximo ano.

Apesar da crise econômica brasileira e da sobre-oferta de energia no sistema hoje, a Wärstilä mantém otimismo com relação ao país no longo prazo. Além disso, segundo Cavados, a utilização do gás natural terrestre pode viabilizar termelétricas em leilões de energia do governo, como foi o caso da Imetame.  "Existe um problema de suprimento de gás natural para térmicas em leilões", completou.

No Brasil, a Wärtislä é responsável pelo fornecimento de 2,5 gigawatts (GW) em motores a diesel e gás natural utilizados por termelétricas. Segundo Cavados, o volume representa cerca de 10% de todo o parque termelétrico do país.

Pelo "Projeto Topázio", a Petrobras está vendendo 104 concessões de campos terrestres em dez polos produtores, nos Estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia e Espírito Santo. O negócio faz parte do plano de venda de ativos da estatal, de US$ 15,1 bilhões em 2015 e 2016, sendo US$ 14,4 bilhões este ano. Fonte: Valor Econômico -  Por Rodrigo Polito Leia mais em sinicon 16/09/2016

16 setembro 2016