29 setembro 2016

Startup que descontamina o ambiente recebe R$ 3 milhões

Não é de hoje que a humanidade percebeu (pelo menos na teoria) que precisa cuidar melhor do meio ambiente – afinal, é nele que vivemos. Porém, sair do discurso e buscar soluções práticas para fazê-lo não é assim tão simples.

A boa notícia é que tem gente disposta a investir em soluções para problemas ambientais com o auxílio da tecnologia. É o caso da startup brasileira OXI Ambiental, especializada em fazer a descontaminação de áreas afetadas por poluentes como metais pesados e organoclorados.

No mercado desde 2011, a empresa recebeu recentemente seu primeiro aporte – 3 milhões de reais vindos do FIP INSEED FIMA, um fundo de investimentos criado pelo BNDES (Banco Nacional Desenvolvimento Econômico e Social) para apoiar negócios focados em soluções para problemas ambientais.

“Vamos usar esse dinheiro para estruturar melhor o negócio e buscar clientes maiores, com os quais não tínhamos condições de trabalhar antes”, afirma um dos fundadores do negócio, o químico Juliano Andrade.

Mais rápido e mais barato

O empreendedor atua há pelo menos 15 anos na área de descontaminação e sempre estudou o assunto – atualmente ele termina um doutorado na USP sobre o tema.

Desse tempo de dedicação surgiu um método diferente de lidar com locais contaminados. “A maioria das empresas que trabalha com isso retira o solo contaminado e leva para um aterro. Isso na verdade apenas transfere o problema de lugar. No nosso sistema, nós fazemos a descontaminação no próprio local, o que é mais barato, mais rápido e melhor para o ambiente”, explica Andrade.

Segundo o empreendedor, a técnica começa com a elaboração de um diagnóstico do problema, fase em que a OXI Ambiental detecta quais são os poluentes presentes. Com isso, a empresa desenvolve uma espécie de antídoto químico para aquela contaminação.

“É como um remédio manipulado. Fazemos uma solução sob medida que vai reagir com os poluentes presentes ali. A reação química destrói os contaminantes e eles formam outra molécula, atóxica. Normalmente o resultado é gás carbônico e água”, afirma o empreendedor.

O “remédio” é aplicado no próprio local. Isso significa que não há necessidade de deslocamento de solo ou água, o que barateia todo o processo – afinal, imagine o custo de transferir toneladas de terra para um aterro sanitário.

O empreendedor garante que o trabalho fica também mais rápido e não exige que o local seja totalmente interditado. Em casos de fábricas, por exemplo, é possível continuar as atividades normalmente (a não ser que haja recomendações de isolamento devido à contaminação).

Segundo Andrade, o tempo médio para descontaminação de um local pelo método da OXI vai de 6 meses a 2 anos. No outro método, todo o processo pode levar até 5 anos. Já o custo do processo chega a ficar 20% menor, garante o químico.

A empresa atua junto a indústrias químicas, farmacênticas, petroquímicas, além de construtoras que precisam tratar a contaminação de um local para poder construir. Pelo menos dez áreas atendidas pela OXI já estão totalmente limpas de contaminação.

Conhecimento ‘incomensurável’

A startup foi fundada com um investimento inicial de 100 mil reais, “pouco para um negócio desse tipo”, afirma Andrade, que iniciou o negócio junto com o sócio Ricardo Gonçalves.

Porém, além do valor em dinheiro, “há também o investimento em conhecimento, que é incomensurável. Foram anos e anos de dedicação”, lembra Andrade, que estuda o tema desde 1998.

“Não existe uma faculdade de descontaminação ambiental. É um conhecimento muito específico. Temos inclusive dificuldade em conseguir mão de obra qualificada”, completa o empreendedor.

Com cerca de 10 funcionários, a OXI Ambiental se prepara para crescer apoiada pelo aporte recebido. “Ainda temos uma escala pequena, mas queremos chegar a um faturamento de 15 milhões de reais nos próximos cinco anos.”

O meio ambiente agradece. Mariana Desidério, Leia mais em exame 28/09/2016

29 setembro 2016



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