23 setembro 2016

Incubadora Rocket sofre para fazer suas ‘startups’ decolarem

A Rocket Internet SE dominou o processo de identificar “startups” promissoras de tecnologia — e depois começar a copiá-las em outros países.

Em nove anos, a empresa alemã, uma das mais renomadas no setor de tecnologia da Europa, lançou cerca de 100 negócios na internet em 110 países, inclusive o Brasil.

Mas ainda resta saber se muitas dessas ideias vão, um dia, tornar-se um negócio lucrativo. A Rocket afirmou ontem que as seis maiores empresas do seu portfólio registraram um prejuízo combinado de 210 milhões de euros (US$ 234 milhões) no primeiro semestre de 2016, comparado com 300 milhões de euros no mesmo período do ano passado. As perdas ocorreram apesar de outro ano de robusto crescimento na receita.

Os executivos da Rocket dizem que as melhores apostas da incubadora vão gerar lucro em breve. Investidores receberam bem a redução nos prejuízos, fazendo as ações da Rocket saltar 6,8% ontem, na Europa. “Estamos no caminho para atingir nossas metas de lucratividade”, diz o diretor-presidente, Oliver Samwer.

Ainda assim, os prejuízos e uma série de reduções nas avaliações de algumas de suas maiores e mais promissoras firmas vêm preocupando os investidores. A cotação das ações da Rocket acumula queda de 27% neste ano, tendo chegado à metade do valor de estreia na bolsa, em 2014.

Fundada por Samwer e seus dois irmãos em 2007, a Rocket, que é sediada em Berlim, monitora startups no mundo todo em busca de negócios que possa copiar. Identificado um modelo, os executivos encarregam uma equipe de 20 pessoas formada por engenheiros, gerentes e profissionais de marketing para criar um clone da startup em questão. A Rocket detém participações nas réplicas e se concentra em algumas áreas, como a venda de alimentos, móveis e vestuário pela internet. A estratégia de Samwer é expandir as startups da empresa durante cinco a nove anos, antes de elas se tornarem lucrativas.

Um exemplo das dificuldades dessa estratégia é justamente uma das apostas mais promissoras da Rocket: a empresa de entrega de ingredientes culinários HelloFresh. Ontem, a Rocket informou que o prejuízo da HelloFresh no primeiro semestre mais do que dobrou em relação ao mesmo período do ano passado, para 45,7 milhões de euros. O diretor financeiro da Rocket, Peter Kimbel, atribuiu o resultado aos custos da expansão da startup nos Estados Unidos. Ainda assim, a receita da HelloFresh mais do que dobrou no período, para 291,5 milhões de euros.

A HelloFresh, que foi criada há cinco anos como um clone de uma firma sueca, também opera na Austrália e vários outros países europeus, entregando semanalmente caixas com pratos de receitas gourmet e também ingredientes frescos. A empresa já foi um dos investimentos mais promissores da Rocket e seus executivos chegaram a programar uma oferta pública inicial de ações da startup para novembro de 2015. Mas eles acabaram mudando de ideia, citando condições desfavoráveis do mercado. Dominik Richter, diretor-presidente global da HelloFresh, disse, numa entrevista dada ontem ao The Wall Street Journal, que a prioridade atual da empresa é ganhar participação de mercado. Ele disse acreditar que a HelloFresh ainda está “estruturada de maneira a se tornar uma empresa de capital aberto” no futuro.

A maior dificuldade da HelloFresh é a mesma de muitas startups: atingir um nível tal de massa crítica que permitiria a ela reduzir os pesados gastos com marketing. Uma vez livre desses custos, o negócio estaria apto, teoricamente, a capturar os lucros embutidos no seu modelo de negócios.

Nos EUA, por exemplo, o negócio da HelloFresh seria supostamente capaz de gerar um lucro de US$ 33 por caixa de alimentos entregue. Mas para chamar a atenção dos consumidores para seu produto, a empresa dá um desconto de US$ 40 na primeira caixa. Ela também está anunciando intensamente na internet. Baseado nos preços cobrados nos EUA, os clientes precisariam estar dispostos a pagar US$ 11,50 por porção e ter uma rotina estável o bastante para que pudessem usar as caixas para cozinhar o jantar várias vezes na semana, antes de os ingredientes estragarem.

Ed Boyes, que se tornou um dos diretores-presidentes da empresa nos EUA depois de ter comandado as operações no Reino Unido, não quis comentar sobre a matemática da venda de cada caixa.

“Essas iniciativas são lucrativas depois de um período definido, e continuamos ganhando um número crescente de clientes”, diz ele.

Várias empresas que foram financiadas pela Rocket operam no Brasil, como a varejista on-line de vestuário Dafiti e a ZEN Rooms, um site de reserva de quartos de hotéis de baixo custo. Por STU WOO Leia mais em thewallstreetjournal 23/09/2016

23 setembro 2016



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