09 agosto 2016

Depreciação dos ativos em balanços demora em média 17 anos no Brasil

A depreciação de ativos em balanços demora em média 17 anos no Brasil, enquanto nos Estados Unidos - onde impera a tecnologia e a inovação nos negócios - o tempo máximo fica entre sete e oito anos.

A informação é de um estudo do Instituto Assaf, obtido com exclusividade pelo DCI com base em dados de balanços de 227 companhias abertas listadas na Bolsa de Valores de São Paulo.

"Prazos longos de vida dos ativos mostram baixa agregação tecnológica e menor eficiência operacional dos investimentos", afirmou o pesquisador do Instituto Assaf, Alexandre Assaf Neto.

O pesquisador explicou que as principais companhias brasileiras utilizam seus ativos por um tempo maior do que deveriam, sem a substituição por outros que proporcionem maior competitividade. Em outras palavras, as empresas locais estão no século 21 usando tecnologia do milênio passado.

"O prazo de 17 anos é muito longo. Não preciso nem entrar em um balanço para dizer que essas empresas trabalham com máquinas e equipamentos ultrapassados numa sociedade em transformação tecnológica", disse.

Como exemplo ele citou o uso de caminhões por transportadoras por 10 ou 12 anos, e de aviões por aéreas por 30 ou 40 anos. "Nos Estados Unidos, renovam-se bens de capital mais rapidamente."

Por outro ângulo, o pesquisador considerou que o sistema financeiro é uma exceção. "Nós últimos 10 anos, os bancos investiram muito em tecnologia em seus processos e gestão de forma invejável. Hoje, os bancos têm dois sonhos: que o cliente não vá até a agência e que esse cliente seja virtual e utilize os serviços do banco pela internet", disse.

Ele pondera, ainda, que esse avanço tecnológico é voltado principalmente na parte comercial. "Em teoria, os bancos deveriam investir a maior parte de seus ativos em sua atividade principal. Mas qual o percentual dos ativos dos grandes bancos em crédito. No Brasil é 35%, isso há anos. Eles não ganham dinheiro com crédito, mas, sim, com carteiras em títulos públicos do governo: ganhos de tesouraria e na prestação de serviços", diz.

Entre os desafios das empresas brasileiras, o pesquisador ressalta que no Brasil não há crédito de longo prazo para investimentos. "Quando um governo paga 14,25% ao ano de juros (Taxa Selic), para quem se vai emprestar? O grande banco pega do investidor a 90% do DI [taxa de depósito interfinanceiro] e empresta ao governo. O dinheiro não tem custo nenhum", argumenta.

Assaf Neto também considera que as principais companhias locais são grandes demais em patrimônio, mas com menor eficiência em retorno sobre o capital investido.

"As empresas brasileiras estão grandes em termos de ativos intangíveis [prédios, equipamentos, estrutura], e a grandeza tem custos. No passado, mensurava-se a grandeza pelo patrimônio em imóveis. Hoje, não por causa do custo de oportunidade que é muito alto. No extremo, alguns sites [com tecnologia e inovação] valem muito mais", comparou.

Ainda no exemplo do Sistema Financeiro Nacional, bancos públicos como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil registram um número maior de agências físicas próprias, do que seus pares privados como Itaú e Bradesco, que investem mais em tecnologia.

Resultados fracos

Do consolidado dos balanços, Assaf Neto avaliou que houve uma piora nos indicadores de 2014 para 2015. "Giro baixo, margem operacional baixa, excesso de investimento em relação as vendas, e uma capacidade ociosa muito grande."

Segundo o estudo do instituto, no ano passado, de cada R$ 1 de investimento, produziu-se somente R$ 0,73 em receitas. O retorno foi inferior ao do ano anterior (2014), quando cada real investido resultou no valor de R$ 0,75 em receitas.

A evolução real (descontada a inflação) das vendas em 2015 foi negativa em 2,86%. O prejuízo líquido das companhias abertas analisadas produziu uma margem líquida negativa de 1,0%, sendo esse resultado negativo formado por 42,5% dessas companhias abertas.

Entre as companhias que mostraram dinamismo na economia brasileira, o pesquisador citou BR Foods e Lojas Renner. "Mas é meia dúzia de empresas [dentro da amostra de 227 analisadas] que considero como casos isolados." - DCI Leia mais em portal.newsnet 09/08/2016
  

09 agosto 2016



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