12 agosto 2016

Bancos veem sinais de retomada da economia no 2º semestre

A economia brasileira está num ponto de inflexão. O Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deve ter registrado a variação ainda negativa, mas há sinais de virada de ciclo para um segundo semestre melhor. A avaliação é do economista-chefe do BNP Paribas para América Latina, Marcelo Carvalho, ao falar sobre a revisão trimestral do cenário feita pelo banco.

O BNP indica queda de 3% no PIB deste ano e alta de 2% em 2017, estimativas melhores que o consenso do mercado. O lado fiscal, contudo, tem que ajudar, ressalta Carvalho. "A expectativa é que o ajuste avance nos próximos meses, para que a confiança se restabeleça. Para passar do círculo vicioso para virtuoso é fundamental o avanço no lado fiscal.'

O Itaú também divulgou ontem o relatório de revisão de cenário de agosto. As projeções para atividade econômica seguem as mesmas de julho. Embora veja sinais mais claros de retomada, o banco pondera que uma recuperação de fato depende da aprovação da proposta que impõe teto para gastos públicos e da reforma da Previdência.

O Itaú estima queda de 3,5% para o PIB em 2016 e crescimento de 1% em 2017. Segundo a instituição, à medida que as reformas fiscais avancem, será incorporado ao cenário o viés positivo sugerido pelos indicadores mais recentes. Também serão incorporadas as informações derivadas da divulgação do PIB do segundo trimestre, no fim deste mês. O Itaú projeta queda de 0,6% no período março-junho, ante janeiro-março. O PIB do primeiro trimestre caiu 0,3%.

Para Carvalho, do BNP Paribas, confiança é a chave desse cenário mais positivo. "A confiança tinha despencado e há uma virada. O pior já passou", diz. Embora seja lenta, a retomada do investimento privado virá nos próximos trimestres. O investimento do governo, contudo, será limitado pelo déficit nas contas públicas. "A saída serão as PPPs" diz.

Em relação à questão fiscal, Carvalho minimiza o vaivém das declarações oficiais e diz que o governo tem crédito no mercado, porque o cenário básico é que, apesar das dificuldades, depois do impeachment da presidente Dilma Rousseff o governo fará um esforço redobrado para aprovar o que for necessário. Segundo ele, apenas a aprovação do teto de gastos não é suficiente e a reforma da Previdência é necessária. "Felizmente, é o que o governo quer fazer", acredita. Mas se as metas fiscais não forem cumpridas, "vai ser muito ruim", diz o economista do PNB.

Para o Itaú, as contas públicas, continuam com tendência de deterioração, que só deve ser revertida em caso de aprovação das reformas estruturais. A projeção de resultado primário saiu de -2,4% para -2,5% do PIB em 2016, em razão de receitas correntes menores. A projeção para 2017 foi mantida em -2,2% do PIB.

A confiança de empresários e consumidores surpreendeu positivamente em julho, com alta disseminada, afirma o relatório do Itaú. Outros indicadores também sugerem que o segundo semestre pode ser melhor que o esperado. "Nossos indicadores corroboram a visão de que a economia estaria próxima do início de uma retomada", afirma o banco.

O Itaú também não alterou a projeção para alta do IPCA, de 7,2%. Apesar da maior pressão dos alimentos, o banco acredita em moderação ao longo do segundo semestre. Para 2017, a expectativa é de IPCA de 4,8%, com alta de 4,7% dos preços livres e de 5,2% dos preços administrados.

Para Carvalho, do BNP, o resultado de julho não altera a trajetória de queda do IPCA deste ano para algo perto de 7%. "A inflação vai cair porque a ociosidade é grande e o mercado de trabalho é frágil", diz. - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 12/08/2016

12 agosto 2016



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