28 julho 2016

Vale fecha acordo de carvão com a Mitsui

A Vale fechou ontem com a japonesa Mitsui os termos finais do acordo envolvendo a venda para a companhia de uma fatia do negócio de carvão da mineradora em Moçambique, na África
Subsaariana, apurou o Valor. A Mitsui, que é acionista da Vale, deve desembolsar um valor inferior ao originalmente acordado com a empresa brasileira por uma fatia de 15% na mina de carvão de Moatize, no noroeste do país africano, segundo analistas e fontes do setor. Os números finais do acordo ainda não são conhecidos.

Procurada, a Vale disse que não iria se manifestar.
O acordo acertado por Vale e Mitsui, em 2014, previu que os japoneses investissem, no total, US$ 1 bilhão no projeto de carvão da mineradora brasileira em Moçambique, com base em números do fim de 2014. O montante incluia a compra de 15% da mina de Moatize e a aquisição de 50% da participação da Vale no Corredor Nacala, estrutura logística formada por ferrovia e por um porto.

Os 15% na mina de Moatize foram precificados, em um primeiro momento, em US$ 450 milhões. Há estimativas no mercado que esse valor possa cair agora em cerca de 30%. No acordo acertado ontem, a precificação atribuída à mina seria inferior à original. Mas não há números oficiais. O restante dos recursos para completar o US$ 1 bilhão inclui a compra de metade dos direitos da Vale no Corredor Nacala e há também compromissos da Mitsui de reembolsar a Vale, de forma retroativa a junho de 2014, por investimentos feitos na mina e na ferrovia.

Em março deste ano, o Valor publicou reportagem dizendo que a Mitsui avaliava rever o acordo com a Vale em Moçambique. A negociação era resultado direto da baixa contábil de US$ 2,4 bilhões feita pela mineradora nos ativos de carvão no país em 2015. A Vale negou na ocasião que essa baixa contábil influenciasse a decisão de investimentos da Mitsui e informou que as negociações para o fechamento da operação continuavam.

Fontes disseram, na ocasião, que o que estava sobre a mesa era a "reprecificação" do acordo, dada a mudança nas condições de mercado desde que a parceria havia sido anunciada, em dezembro de 2014. Mesmo com o fechamento do acordo ontem, em Londres, o dinheiro dificilmente vai entrar no caixa da Vale ainda este ano, segundo estimativas de analistas.

A Vale recebeu, em junho, o aval do governo de Moçambique para levar o acordo com a Mitsui adiante. Mas ainda faltam as aprovações regulatórias pelo governo do Malawi, por onde passa a ferrovia. Também há negociações em andamento com os bancos envolvidos no financiamento da operação, incluindo o japonês JBIC, o International Finance Corporation (IFC) e o African Development Bank (ADB). A previsão era que o financiamento dos bancos para o projeto de carvão da Vale em Moçambique chegasse até US$ 2,7 bilhões.

Hoje há estimativas no mercado de que o número final do financiamento possa girar em torno dos US$ 2 bilhões. Se for somado o financiamento dos bancos ao dinheiro da Mitsui, o valor total do acordo ficaria, portanto, na faixa de US$ 2,8 bilhões. Se confirmados os números, haverá redução no montante financiado pelos bancos em relação ao número original. O aporte da Mitsui também cai, mas menos em termos nominais.

Em relatório recente, o Credit Suisse disse que continua a trabalhar com um modelo que permitirá à Vale injetar US$ 3 bilhões no caixa a partir da conclusão do negócio de carvão em Moçambique. O banco estimou no relatório o fechamento da operação para o quarto trimestre de 2016, embora reconheça que há riscos de futuros atrasos. No mercado a estimativa é que o dinheiro só entre no caixa no primeiro trimestre de 2017.

Investidores têm cobrado da Vale o não cumprimento dos prazos para conclusão do acordo, os quais têm sido sucessivamente adiados em função da complexidade da operação. O fechamento do negócio no carvão tornou-se importante para a Vale gerar divisas e reduzir o déficit em seu fluxo de caixa livre. Daí, a expectativa criada no mercado pelo acordo.  - Valor Econômico Leia mais em portal.newsnet 28/07/2016

28 julho 2016



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