13 maio 2016

Gigante chinês desembarca no país e investe em porto da WTorre

A China Communications Construction Company (CCCC), conglomerado chinês de infraestrutura, equipamentos pesados, e serviços de dragagem, acaba de desembarcar no Brasil. A primeira aquisição de ativo do grupo no país será uma participação no Terminal de Uso Privado (TUP) de São Luís, no Maranhão, projeto multicargas da WPR, braço de infraestrutura do grupo WTorre. O sócio chinês vai fazer aporte de R$ 400 milhões.

O termo de compromisso entre as duas empresa foi assinado ontem, conforme adiantou o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor. A CCCC entra como investidora no terminal, cujo projeto total está orçado em R$ 1,5 bilhão. Além do aporte da CCCC, o projeto irá captar R$ 1,2 bilhão em dívida, que deverá ser paga com receitas da própria operação do empreendimento.

A estimativa é que o TUP leve três anos para ficar pronto. As obras devem começar no segundo semestre, segundo informou o grupo WTorre ao Valor.

Entre as cargas que serão movimentadas estão a produção agrícola do MeioOeste, fertilizantes, líquidos, carga geral e, futuramente, talvez contêineres.
A CCCC e a WPR não revelam a fatia de cada uma no projeto, que deverá ser negociada ao fim do processo de diligência realizado pelo banco Modal, assessor financeiro exclusivo da CCCC na região. Segundo afirmou o grupo WTorre, o controle fica com a WPR.
O projeto será desenvolvido em uma área de 2 milhões de metros quadrados, com acesso direto à BR135 (que liga o Maranhão a Minas Gerais) e às ferrovias Carajás e Transnordestina. Terá capacidade anual para movimentar 24,8 milhões de toneladas.

A CCCC é a maior empresa de infraestrutura da China. Além de construir, opera ativos em outros países. No fim do ano passado tinha US$ 150 bilhões investidos em concessões de infraestrutura de transportes de empreendimentos prontos aos ainda em construção. O conglomerado tem capital misto, mas o controle é estatal e está listado na Bolsa de Hong Kong.
Em 2015, obteve receita equivalente a US$ 120 bilhões, sendo US$ 20 bilhões do braço internacional.

Na noite de quarta-feira foi inaugurado em São Paulo o escritório da CCCC South America Regional Company, holding 100% da CCCC. Foi criada para cuidar exclusivamente de negócios na América do Sul, onde o grupo asiático quer ter maior presença.

Hoje, a região responde por 1% do faturamento do braço internacional do grupo. A companhia tem projetos na Argentina, no Peru e na América Central, mas o maior potencial de crescimento é no Brasil. Até agora a CCCC atuava no país fornecendo equipamentos e serviços de suas subsidiárias, com a ZPMC, maior fabricante de guindastes portuários responsável por 75% do mercado mundial , e com a Shanghai Dredging Co., dona de uma das maiores frotas de dragas do mundo. A empresa já trabalhou nos portos de Santos (SP), Paranaguá (PR) e Rio de Janeiro.

"É um grande mercado, há grande demanda por infraestrutura e boas oportunidades", disse ao Valor Chang Yunbo, presidente da CCCC South America Regional Company. A meta do grupo no país é investir em concessões e projetos privados de infraestrutura de transportes de forma completa, combinando vários tipos de "expertises" desde o projeto, construção, serviços e modelagens de financiamento. Estão no radar portos, aeroportos, rodovias e ferrovias.

"Há muitas oportunidades, mas o Brasil ainda vai sofrer nos próximos anos escassez de capital disponível para investimento, por isso ter um parceiro como a CCCC é magnífico", diz Eduardo Centola, sócio do banco Modal. Yunbo confirma. Diz que a CCCC tem capacidade muito forte de mobilizar financiamento na China, tanto com bancos estatais como com bancos
 omerciais. "Somos o melhor cliente desses bancos", afirma.

Os R$ 400 milhões que serão aportados de capital no TUP da WPR integram um pacote de US$ 1 bilhão que a companhia quer investir no Brasil. Mas não adianta onde nem de que forma o restante do recurso será aplicado. Apenas que os valores por projeto não devem ser menores que US$ 300 milhões. "Sem  tamanho suficiente o custo [do negócio] será alto e você não será competitivo", diz Yunbo.

A crise econômica e política no Brasil não inibe a estratégia da CCCC. Yunbo diz ser necessário olhar as coisas mais realisticamente. "Todo país, toda economia tem seus problemas, não só o Brasil. Mas como investidores sempre olhamos no longo prazo, não estamos investindo hoje e vendendo amanhã", afirma. Para Centola, eis a maior diferença da CCCC. "Quando se tem um horizonte como esse, a forma como se mensura o risco é muito diferente". Por Fernanda Pires e Ivo Ribeiro  Fonte: Valor Econômico Leia mais em sinicon13/05/16

13 maio 2016



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