19 fevereiro 2016

Telxius pode vender 30% das ações em bolsa

A nova empresa de infraestrutura do grupo Telefônica, a Telxius, poderá abrir o capital na bolsa de Madri até o fim do segundo trimestre. A companhia que vai absorver as torres de telefonia móvel e os cabos submarinos das operadoras controladas pela Telefônica em todo o mundo pode vender até 30% de seu capital a  investidores, disse ao Valor o executivo chefe da Telxius, Alberto Horcajo. As opções estão em estudo

O executivo ainda está estudando o valor de mercado para esses ativos. A estimativa é que os bens a serem incorporados tenham valor aproximado de € 3 bilhões. Após estruturada, a empresa poderá prestar serviços também a outras operadoras.

A princípio, os ativos englobam 15 mil torres de telecomunicações e uma rede internacional de 31 mil quilômetros de fibra óptica submarina do grupo e um cabo submarino que conecta os Estados Unidos com as Américas Central e do Sul. A rede de fibra óptica da empresa espanhola conecta mais de 40 países.

A forma como os ativos serão transferidos para a Telxius poderá variar dependendo do mercado, já que a empresa ainda não está capitalizada. Na Espanha, de onde sairá o maior volume de bens (cerca de 10,7 mil torres), a Telxius não pagará pelos ativos, mas receberá um aporte de capital da Telefônica. A mesma estratégia poderá ser adotada em outros países.

No Brasil, a Telxius vai comprar as torres da Telefônica. Para isso, serão avaliadas opções de financiamento a valor de mercado para os ativos.

"O que define se haverá uma compra [dos ativos] ou aporte é a complexidade da venda e o impacto tributário para cada mercado", disse Horcajo. Ele está deixando a posição de diretor de finanças e de relações com o mercado da Telefônica Brasil, que ocupou por três anos, para assumir a nova função. "Veremos o que é mais eficiente."

Ao separar a infraestrutura, o grupo desafoga o balanço financeiro das teles em vários países. Além disso, libera recursos para investir na própria operação. "Se esse capital que temos nas torres pudermos investir em banda larga fixa de alta velocidade, eu prefiro, porque vai gerar receita", disse Horcajo.

Segundo o executivo, é um grande desafio ter retorno do capital investido. "A Telefônica Brasil está bem capitalizada", afirmou, "mas não atingiu retorno que chegue ao custo do nosso capital". Horcajo disse que o capital em reais tem custo alto e, do ponto vista do investidor, talvez o papel não demonstre tanta atratividade, se comparado ao CDI de um banco.

As torres são construções de cimento e aço que recebem as estações radio base (ERBs), também conhecidas como antenas, das operadoras. A mesma torre pode ter várias ERBs, inclusive de empresas diferentes. No caso do grupo espanhol, que aluga torres para concorrentes em vários mercados, esses ativos serão transferidos para a Telxius com todos os seus "inquilinos"; só mudarão os contratos.

A Telefônica Brasil, que opera no país sob a marca Vivo, também aluga torres de terceiros. São quase 17 mil torres alugadas, e pouco menos de 5 mil unidades  próprias. Dessas, cerca de 2 mil poderão ser transferidas para a Telxius até o fim deste trimestre. Segundo Horcajo, é estratégico para a operadora manter uma reserva própria de infraestrutura. Isso porque os contratos de aluguel são de longo prazo, de cinco a dez anos, o que dificulta fazer a troca de torres rapidamente, quando a operação requer.

Como precisam da infraestrutura para que a operação de telecomunicações funcione, ao transferirem suas torres para a Telxius, as teles assinam contratos de aluguel para não interromper os serviços.

O movimento de cisão também poderá reaquecer os negócios da Telefónica na Argentina, onde opera sob a marca Movistar. As restrições cambiais e as várias taxas de câmbio fizeram com que o grupo espanhol pisasse no freio dos investimentos no país vizinho. Agora, a expectativa de Horcajo é que o cenário político econômico melhore em alguns meses.

A Movistar tem 7 mil torres na Argentina, além de uma rede de cabo submarino. No Chile, são menos de mil torres. Os ativos em outros mercados estão sendo avaliados. "Pretendemos crescer atribuindo maior receita ao ativo que estamos incorporando", disse Horcajo. Uma possibilidade é comprar ativos também de outras empresas. "Nosso objetivo é ter crescimento em receita, em resultados, e dar relevância para as operadoras."

A Telxius, que terá sede em Madri, está planejada para ser uma empresa enxuta, com cerca de 200 funcionários globalmente. Por Ivone Santana  Fonte: Valor Econômico Leia mais em sinicon  19/02/2016

19 fevereiro 2016



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