19 janeiro 2016

Roldão compra operação no interior de SP da Mega Atacadista

Roldão: a varejista vai incorporar quatro lojas, localizadas no interior de São Paulo, ao grupo

O grupo Roldão, que atua no atacarejo, formato de loja que mistura atacado com varejo, fechou a compra de quatro lojas da concorrente Mega Atacadista, de Minas Gerais, apurou o jornal O Estado de S. Paulo com fontes próximas às negociações.

A varejista vai incorporar essas lojas, localizadas no interior de São Paulo, ao grupo. O valor da operação não foi divulgado e não inclui as lojas de Minas, pelo menos, por enquanto.

Com faturamento estimado em R$ 2,1 bilhões no ano passado, o Roldão tem crescido, nos últimos anos, de maneira orgânica. A estratégia é avançar em cidades do interior de São Paulo e Grande São Paulo, mesmo movimento feito pelas gigantes Assaí, do Grupo Pão de Açúcar, e Atacadão, do Carrefour.

Com a incorporação dessas quatro lojas, que faturam cerca de R$ 200 milhões, o Roldão passa a contar com 27 unidades, todas no Estado de São Paulo. Fontes afirmaram que o grupo pretende expandir seus negócios para outras regiões do País, mas não em grandes capitais. "Eles querem buscar mercados regionais", disse uma fonte.

O negócio de atacarejo é bem-visto em anos de crise. De acordo com José do Egito Frota Lopes Filho, presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad), as redes de atacarejo estão "roubando" vendas dos hipermercados.

"Os hipermercados têm um custo muito alto por loja, que conta com ar condicionado, empacotadores e toda uma estrutura mais sofisticada. Já o atacarejo é um modelo mais simples e atrai o consumidor pelo preço", disse o presidente da entidade.

O setor atacadista movimentou no Brasil em 2014 cerca de R$ 212 bilhões, segundo a Abad. O valor de 2015 ainda não foi divulgado, mas deve ficar no mesmo patamar, de acordo com Lopes Filho.

Nesse segmento, estão incluídos os atacadistas de produtos gerais, de produtos especializados, distribuidores exclusivos para determinadas empresas e o atacarejo.

O movimento feito pelo Roldão, fundado em 2000 na cidade de São Paulo, deve crescer. "A consolidação nesse segmento faz muito sentido porque esse setor é focado em volume. Com esse movimento, os fornecedores serão mais espremidos e terão de ceder mais em preço", afirmou uma fonte com conhecimento em varejo.

Migração

Em recente entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, os grandes varejistas, também donos de formatos de atacarejo, afirmaram que está ocorrendo uma migração dos consumidores das classes B para esse tipo de loja, que antes era focado na classe C.

Tradicionalmente, os formatos de atacarejo têm quatro canais de venda: os transformadores (food service, lanchonetes e pizzarias); revendedores (mercearias e padarias); utilizadores (comunidades, como escolas e igrejas); e o consumidor final.

Os consumidores finais estão desde o ano passado buscando produtos nessas lojas para fazer estoques, sobretudo de produtos de limpeza. Para economizar, os consumidores têm reduzido as refeições fora do lar e adquirido alimentos e bebidas em maior quantidade para consumir em casa.

Procurado, o presidente do Roldão, Ricardo Roldão não retornou os pedidos de entrevista. Nenhum porta-voz do Mega Atacadista foi encontrado para comentar o assunto. Mônica Scaramuzzo, do Estadão Leia mais em Exame 19/01/2016

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Roldão e Mega fundem operações

Empresas fecharam acordo na semana passada; novas negociações estão em andamento
Negócio cria rede que pode chegar a R$ 3 bilhões de faturamento

As atacadistas Roldão e Mega concluíram na semana passada acordo para a fusão das operações, como antecipou na tarde de ontem o *Valor Pro*, serviço de informação em tempo real do *Valor*.

Será criada uma empresa com faturamento previsto de R$ 3 bilhões em 2016 e estimativa de 31 lojas no Estado de São Paulo ao fim deste ano.

A nova companhia está negociando a compra de duas lojas de uma rede atacadista no interior de São Paulo – o anúncio deve ser feito nos próximos meses.

As negociações entre as duas redes paulistas se iniciaram em novembro, depois que os controladores da Mega Atacadista (também donos da cadeia de supermercados ABC) passaram a procurar parceiros. Pelo acordo assinado, a Roldão deve incorporar a Mega. A Roldão vai liquidar a dívida bancária dos donos da Mega cujo valor não foi informado.

A Roldão diz que não está comprando a Mega. Informa que serão mantidas a equipe de gestão da Mega e que as duas marcas serão mantidas, separadamente. São quatro lojas da Mega Atacadista no interior de São Paulo – em Limeira, Rio Claro, Bauru e Marília. A rede Roldão tem 23 unidades no Estado de São Paulo.

O escritório Natal & Manssur Advogados Associados assessorou a Roldão na operação. Na Mega Atacadista, participou a sua área jurídica.

A Mega é controlada pela família fundadora dos supermercados ABC, de Minas Gerais, os Martins Amaral. A receita bruta anual da rede ABC é cerca de R$ 700 milhões. Se presidente é Valdemar Martins do Amaral. O negócio com Roldão não envolve a rede de supermercados da família.

Segundo Ricardo Roldão, presidente da Roldão, a busca por um parceiro faz parte de um plano de expansão por meio de fusões, que demandam menos recursos, portanto protegem caixa, e mantém o ritmo de crescimento da companhia. Desaceleração nas vendas do setor em 2015 e aumento das despesas operacionais têm afetado a linha final dos resultados do atacado e do varejo, diz o empresário, e a fusão surge como estratégia de reação a este momento. Ele nega que Mega Atacadista estivesse muito alavancada ou buscando sócios frente a uma situação operacional delicada. O comando da Mega não se pronunciou.

“Não sabemos quando os efeitos da crise passarão e não podemos lançar mão de caixa hoje. Teremos três anos muito difíceis pela frente, mas não queremos interromper o crescimento. Essa fusão foi fechada com muito pouco desembolso, basicamente dívidas da Mega Atacadista. Ideia é fechar negócios iguais a este, que ampliam a operação, mas protegem caixa”, disse Roldão ao *Valor*.

“Não tem mercado para todo mundo, e se eu fosse para as áreas onde a Mega Atacadista está, seria mais um para brigar por espaço num setor que cresce menos. Não faz sentido”. O setor teve queda real nas vendas de 8,8% até novembro, segundo Abad, associação do setor.

A Mega Atacadista terminou 2015 com receita bruta de R$ 200 milhões, e espera fechar neste ano com valor na faixa de R$ 320 milhões a R$ 350 milhões, o que exigiria expansão muito acelerada num ano de perda de vigor da taxa de expansão nas vendas no atacado. Setor também tem sentido pressão maior nas despesas (com mão de obra e tarifas públicas), o que tem afetado o lucro operacional. “Achamos que é possível chegar nos R$ 350 milhões implantando o nosso modelo de atacado na empresa”, diz ele.

As projeção da Roldão são de faturamento de R$ 3 bilhões neste ano, versus R$ 2,4 bilhões em 2015. Ao se incluir crescimento da empresa e quatro inaugurações previstas em 2016 da Roldão (cidade de Santos, Osasco e bairros de Cidade Dutra e Brasilândia), a receita iria a R$ 2,75 bilhões. Somando -se as lojas da Mega Atacadista, o montante pode atingir R$ 3 bilhões. Roldão cresceu 19% em receita líquida no ano passado, e 10% em vendas “mesmas lojas” (pontos em operação há mais de 12 meses).
 Fonte: Valor Econômico Leia mais em onegociodovarejo 19/01/2016





19 janeiro 2016



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