18 dezembro 2015

Com a economia brasileira afundada na crise, o ramo tecnológico continua crescendo dois dígitos

Apesar de um cenário muito ruim na economia, incluindo a maior recessão já vista em 100 anos, além de gritos pedindo o impeachment da presidente Dilma Rouseff, a indústria tecnológica no Brasil está prosperando.

Startups estão produzindo na mesma velocidade que as más notícias estão chegando, gastando mais de 150 milhões em anúncios neste inverno.

O especulador comercial Anderson Thess, sócio fundador da Redpoint eventures em São Paulo, diz que o ecommerce e os setores que envolvem a internet vem crescendo mais de 20% ano a ano, enquanto o produto interno bruto do país permanece monótono.

Embora apenas metade da população brasileira tenha acesso à internet, ela já é a quinta economia no mundo no ramo online e mobile, o quinto mercado dentro do Facebook, Google e Twitter, e um dos cinco maiores em crescimento no mercado global de smartphones.

Na semana passada enquanto a Standard Poor’s declarava a queda no índice Brasil de bom para mau pagador do Brasil, os maiores investidores de capital de risco e empresários do país se reuniam em São Paulo para celebrar o lançamento da Cubo, um espaço de 5.000m² para empreendedores de tecnologia.

O empreendimento sem fins lucrativos realizado em uma parceria ente a Redpoint evetures e o banco Itau, é um dos maiores centros colaborativos do mundo, contando com 5 andares que comportam um espaço para 250 empresários e 50 startups, além de um auditório para eventos e uma cobertura aberta ao público, com intuito encorajar o uso de espaços para conexões entre comunidades tecnológicas, tudo isso localizado na Vila Olímpia.

Não há números exatos sobre os investimentos de riscos feitos no Brasil neste ano em relação ao ano passado, em parte porque os empresários brasileiros (e seus investidores) estão notoriamente receosos em revelar suas rodadas de investimentos ou montantes em dólar. Mas o investimento de risco na América Latina cresceu mais de 800% desde 2010, totalizando 650 milhões de dólares.

No Brasil, startups vem anunciando, nos últimos meses, ao menos um acordo de financiamento por semana, assim como investidores de risco locais e internacionais se uniram para investir pelo menos 150 milhões de dólares no mobile, ecommerce, educação, comércio bancário, transporte, serviços e segurança neste inverno.
“É um pouco estanho, e muito benéfico, o jeito como a economia digital está se sobressaindo diante dessa crise”, diz Thess.

Redpoint eventures anunciou seis acordos nos últimos meses: investimentos principais na Olist, Escale e Intoo, 3 milhões de dólares (investimentos Série A) junto a Accion’s Frontier Investments Group e QED Investors no BankFacil, e investimentos Série B na plataforma de marketing digital Resultados Digitais e na empresa de análise de dados Cortex Intelligence.

Thesss diz que numero total de negócios são quase iguais ao do ano passado, mas que as oportunidades estão melhores agora que os sussurros em torno do Brasil morreram. “ Caras que foram abandonando o barco a partir de uma grande empresa esperando fazer fortuna em seis meses – isso já era.”

“ Se a crise perdurar por muito tempo, pode vir a nos afetar.”, diz Thess, “mas por agora o que temos é um distanciamento entre o ecossistema de startups e a macroeconomia. Seria melhor se não o tivéssemos, mas nós podemos realmente avançar mais rápido com isso. Pois quando tudo vai bem, pessoas tendem a não mudar seu comportamento. Pessoas são mais suscetíveis em prestar atenção no que é eficiente agora, e podem estar mais dispostos a experimentar novas coisas.”

Bankfacil, uma plataforma online de empréstimo que ajuda os brasileiros a identificar e assegurar juros mais baixos, uma startup que está se preparando para se beneficiar da crise ajudando brasileiros a economizar até 70% em empréstimos. Seu Fundador e CEO, Sergio Furio, afirma que os brasileiros pagam de 10 a 20 vezes mais juros do que os americanos: 20% em empréstimos (conta 11%), 300% para cartões de crédito (contra 14%) e 58% em hipotecas (conta 6-7%) – e dívidas familiares representam 25% de todo o PIB do país.

“Estamos usando a tecnologia para criar eficiência em processos que são extremamente ineficientes.” , afirma Furio.

A Kaszak Ventures, casa de investimentos de Buenos Aires, também está investindo em eficiências econômicas, anunciando investimento de Serie A na Contabilizei, uma plataforma de serviços de contabilidade que ajudam pequenos negócios e freelancers a navegar no mais burocrático esquema de taxas do mundo. A Contabilizei cresceu mias de 350% no último ano.

“Eu acredito que a característica mais inovadora nesse momento é oferecer uma alta qualidade de serviço para uma fração do custo atual,” diz o fundador e CEO Vitor Torres. “Combinando os contabilistas fanáticos com inteligência de software, estamos oferecendo alta qualidade e custo efetivo que substitui inteiramente o contabilista profissional. Nós somos uma peça fundamental que o pequeno e médio negócio precisam para administrar seus negócios online.”

Contabilizei é um dos doze principais investimentos que a Kaszek Ventures fez até agora neste ano. Outo recente investimento feito inclui a startup de ecommerce para moda, Dress & Go; site de análise do empregado LoveMondays; NuvemShop, o maior servidor de ecommerce para pequenos negócios da América Latina; e a pioneira DogHero, marketplace para encontrar anfitriões para deixar seu cãozinho enquanto viaja (o Brazil tem o segundo maior mercado de pet depois dos EUA).

“Olhando além da ‘crise’, a preferência por smarphones continua crescendo, ‘consumidor de internet’ também, e as empresas estão incorporando mais tecnologia com menor custo, buscando maior eficiência ou oferecendo melhores serviços.”, diz sócio da Kaszek Hernan Kazah.

“São companhias com bons projetos e times que podem tirar vantagem do momento e se consolidar. Em termos gerais, poucos competidores estão partindo para o lado do financiamento seguro. Menos companhias estão investindo em marketing, o que reduz o custo. Se tem menos dificuldade em segurar talentos. Custos em dólar são mais baixos, o que faz as companhias “queimarem” menos dólares. E se tem menos distração, assim podemos focar em pontos estratégicos.”

Kaszek também se juntou a Tiger Global e Monashees com 13 milhões de dólares para investimentos Serie B no marketplace GetNinjas. GetNinjas gerou uma receita de 3,2 milhões de dólares por mês em contratos para mais de 100,000 fornecedores de serviços registrados, de pintores a planejadores de casamento.

“É uma grande chance para os padrões brasileiros,” diz GetNinja CEO Eduardo L’Hotellier. “Alguns investidores, principalmente extrangeiros, mostraram medo em relação ao Brasil. Mas a crise vem e vai, e nossos negócios têm o que é necessário para resistir à turbulência e continuar crescendo. Estamos crescendo dois dígitos mês a mês, por isso a contração da economia tem tido pouco efeito em nos.”

GetNinja é uma das inúmeras startups que estão fechando com crescimento neste inverno. Startup de segurança PSafe, o aplicativo mais baixado no Brasil, fechou um investimento Serie C de 30 milhões de dólares com a Redpoint eventures, Pinnacle and Quihoo360, fazendo a PSafe a primeira startup mobile na América Latina a alcançar 1 bilhão de reais.

As fornecedora de serviços de ecommerce mobile Movile e Just Eat, fizeram um investimento de 50 milhões de reais na maior fornecedora de alimentos via delivery, o iFood. E uma empresa de capital não privado de NY investiu 30 milhões na BelezaNaWeb, a maior statup de ecommerce de beleza no Brasil.

A companhia vem crescendo de 50-60% ano a ano desde que fechou um investimento Serie B de 10 milões de dólares com a Kaszek Ventures e a Tiger Capital em 2013, e está a caminho de fechar 100 mihões de reais em vendas esse ano.

O setor de educação também tem tido grandes investimentos , todos estrangeiros. Valor Capital, Amadeus Capital e Social Capital Partners uniram-se em um investimento Serie B de 8 milhões de dólares na Descomplica, uma plataforma online de estudo com 12 milhões de estudantes ativos pagando menos de 20 reais por mês para ter acesso à materiais preparatórios para ajuda em vestibulares.

É uma empresa não revelada fez um investimento Serie B na Passei Direto, uma rede social acadêmica com 4 milhões de estudantes, 50% do Market share de faculdades do Brasil, sem custo para ingressar.

Valor Capital também se uniu a uma empresa se São Paulo (Monashess) em um investimento Serie A de 1.5 milhões de dólares na plataforma de envio sob encomenda Mandaê. “No nosso caso e nessa fase, a crise econômica não foi um fator relevante,” diz o CEO DA Mandaê Marcelo Fujimoto. “A Mandaê opera em uma larga escala de mercado e nós também resolvemos uma grande necessidade compartilhada por milhões de pessoas. Como resultado estávamos tendo um crescimento muito rápido – 30% por mês. Para nossos investimentos iniciais, tivemos um monte de investidores interessados (tanto nacionais quanto internacionais) e estávamos em uma posição de sermos seletivos.”

“É incrível, grandes coisas acontecendo nos bastidores dentro do Brasil,” diz Fujimoto. “Enquanto a percepção estrangeira do potencial que tínhamos aqui, fosse talvez muito otimista em 2010, agora está muito longe do negativo, o qual também não é totalmente certo.” Leia mais em nextcommerce 29/09/2015

18 dezembro 2015



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