19 novembro 2015

Fusões e aquisições internacionais crescem 136%

Segundo a Unctad, o volume de operações realizadas por empresas multinacionais nos seis primeiros meses de 2015 somou US$ 441 bilhões, maior valor desde o segundo semestre de 2007.

A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) informou nesta terça-feira (17) que o volume de fusões e aquisições internacionais no primeiro semestre de 2015 chegou a US$ 441 bilhões, um aumento de 136% sobre o mesmo período do ano passado. O valor é o maior desde o segundo semestre de 2007. Fusões e aquisições de empresas de países diferentes são formas de investimentos estrangeiros diretos (IED).

De acordo com a publicação Global Investment Trends Monitor (Monitor de Tendências Mundiais de Investimentos), as empresas multinacionais que realizaram operações de fusões e aquisições tiraram vantagem da existência de volumes recordes de recursos em caixa e de condições “excepcionais” de liquidez internacional.

O fluxo foi influenciado principalmente por transações de companhias de países desenvolvidos. Destaque para as fusões e aquisições realizadas por empresas europeias, que somaram US$ 179 bilhões em investimentos, contra desinvestimentos de US$ 46 bilhões nos seis primeiros meses de 2014.

Em função da crise das dívidas soberanas na Zona do Euro, companhias da região passaram anos se desfazendo de volumes consideráveis de ativos, segundo a Unctad, tendência agora revertida.

As operações feitas por empresas dos Estados Unidos, por sua vez, dobraram no primeiro semestre de 2015, em relação ao mesmo período do ano passado, e somaram US$ 88 bilhões.

Este crescimento é resultado da valorização do dólar sobre outras moedas - o que torna os ativos fora dos EUA mais baratos para os norte-americanos -, do alto volume de dinheiro no caixa de multinacionais e dos baixos custos dos financiamentos.

Neste caso, no entanto, há um porém: cerca de 50% deste valor foi movimentado em operações de “inversão tributária” ou “inversão corporativa”, que ocorre quando uma companhia dos EUA compra uma empresa no exterior e a última é transformada na nova sede do conglomerado resultante, com o objetivo de reduzir a exposição dos negócios ao sistema tributário norte-americano. A Unctad alerta que novas regras do Departamento do Tesouro do país levaram ao cancelamento de transações do gênero ocorridas em 2014.

As multinacionais do Canadá também contribuíram para o avanço do resultado geral, com operações no valor de US$ 57 bilhões, 130% a mais do que nos seis primeiros meses do ano passado. Foi o montante mais alto para o período no que diz respeito às companhias canadenses.

Na outra ponta, as fusões e aquisições capitaneadas por empresas de países em desenvolvimento e de economias em transição (ex-bloco soviético) caíram 34% no primeiro semestre, para US$ 72 bilhões.

Nações em desenvolvimento da Ásia, que em 2014 foram as principais origens de transações de gênero, registraram o maior declínio no primeiro semestre de 2015. No caso da América Latina e Caribe, houve uma queda de 90% no total das operações e um desinvestimento líquido de US$ 8,3 bilhões. Houve reduções também nos negócios de companhias africanas e de economias em transição como a Rússia.

Nestes casos, o desempenho foi afetado por fatores como a desvalorização de moedas de alguns destes países, as baixas cotações das commodities em geral e dificuldades na obtenção de crédito no mercado internacional.

Crescimento menor

Para a Unctad, o crescimento das operações de fusões e aquisições tende a ser menor no segundo semestre, mas o valor total de 2015 deverá ser muito superior ao de 2014. A organização faz esta afirmação com base em dados preliminares do acumulado de janeiro a outubro.

Estas transações deverão continuar a crescer nos próximos anos, mesmo que num ritmo menor. A agência da ONU diz isso porque fusões e aquisições são uma maneira de garantir aumento de receitas quando uma empresa tem baixo nível de crescimento orgânico (ampliações, construção de novas fábricas, etc.). E o desempenho modesto das economias emergentes deverá inibir o crescimento orgânico de companhias, ao passo que as multinacionais seguem com altos volumes de dinheiro em caixa para sair às compras.

Uma pedra no caminho dessa tendência, porém, é o alto nível de endividamento existente em mercados emergentes, onde os custos de rolagem das dívidas podem ficar mais altos em função de aumentos nas taxas de juros. Segundo a Unctad, isso vale principalmente para empresas de países cujas moedas desvalorizaram em 2015, como o Brasil.  Leia mais em amba 18/11/2015
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19 novembro 2015



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