21 agosto 2015

Os mercados de ações latino-americanos estão murchando

Os escândalos de corrupção do Brasil ao México, o colapso das commodities e a queda das moedas latino-americanas eliminaram US$ 800 bilhões em valor de mercado desde 2010 -- o equivalente à economia da Turquia --. A região agora responde por apenas 2,1 por cento da capitalização do mercado mundial, contra 5 por cento há cinco anos. As ações negociadas nos EUA e na China respondem por 47 por cento do total, contra 36 por cento há cinco anos.

“Se você tivesse me perguntado cinco anos atrás, eu estaria muito otimista em relação a lugares como Brasil e Chile”, disse Geoffrey Pazzanese, gestor de recursos que administra US$ 450 milhões em ativos na Federated Investors Inc., em Nova York. “Dizer que a situação é decepcionante ainda é pouco”.

O fundo InterContinental da Federated, que investe US$ 214 milhões em ações internacionais negociadas fora dos EUA, mantinha 25 por cento de seus ativos na América Latina em 2010. Hoje, não tem nenhum.

Outras gestoras de recursos adotaram estratégias semelhantes, incluindo o fundo Oppenheimer Developing Markets, de US$ 34 bilhões, que reduziu suas participações na região de 28 para 17 por cento. Suas ações da Ásia Pacífico subiram de 31 para 38 por cento, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Levantando recursos

A fragilidade dos mercados de ações torna mais difícil para as empresas levantar recursos para financiar seus negócios na região, disse Stacy Steimel, gestora de recursos da Pinebridge Investments em Santiago, que supervisiona cerca de US$ 200 milhões em ações latino-americanas.

Com a previsão de que o produto interno bruto doméstico permanecerá estagnado em 2015, a piora dos mercados pesa mais sobre a atividade econômica.

No Brasil, maior economia da América Latina, o crescente escândalo de corrupção que envolve a gigante petrolífera estatal, a Petrobras, e as maiores construtoras do país empurrou a nação para sua recessão mais aguda em 25 anos e está forçando a presidente Dilma Rousseff a brigar por sua sobrevivência política.

A Petrobras caiu 66 por cento nos últimos cinco anos, enquanto a operadora de telecomunicações Oi SA e a siderúrgica Cia. Siderúrgica Nacional SA despencaram, cada uma, mais de 85 por cento.

Inflação, calote

A situação não é muito melhor em outras partes do continente. A taxa de inflação mais elevada do mundo tem feito a Venezuela passar por dificuldades devido à escassez de alimentos e medicamentos, a Argentina está enfrentando os chamados fundos abutres após o calote do ano passado e o México está tentando reativar o crescimento depois que sua primeira tentativa de vender licenças para a exploração de petróleo não foi capaz de atrair grandes produtoras.

O Chile e o Peru, que estão entre os maiores produtores de cobre e zinco, viram as receitas de suas exportações despencarem após a queda dos preços dos metais.

Dólares

As perdas, como as quedas de 30 por cento do índice de referência do Brasil desde 2010 e de 7,8 por cento no Colcap, da Colômbia, são dolorosas para os traders locais, mas elas são ainda piores em dólares.

Elas se traduzem em 65 por cento para o real e 37 por cento para o peso na moeda americana. O índice acionário da MSCI para a América Latina está em baixa de 48 por cento para o período, enquanto seu indicador para as ações globais subiu 40 por cento.

As negociações caíram em todos os grandes mercados latino-americanos. No Brasil, os volumes ficaram em uma média de US$ 2,2 bilhões por dia neste ano, 44 por cento abaixo de um pico de US$ 3,9 bilhões registrado em 2011, mostram dados da bolsa.

As negociações estão em baixa de 57 por cento no Chile, de 48 por cento no Peru e de 34 por cento na Colômbia, também em relação a 2011.

“A América Latina é muito dinâmica e tem muito potencial a longo prazo. Mas (no momento) há uma perspectiva bastante negativa”, disse Pazzanese. Ney Hayashi e Eduardo Thomson, da Bloomberg Leia mais em exame 19/08/2015

21 agosto 2015



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