01 julho 2015

Fusões no Brasil decepcionam até junho, mas devem ter repique no 2º semestre

Executivos de bancos estão decepcionados com o fraco volume movimentado em fusões e aquisições no Brasil neste ano até junho, mas preveem que os ativos mais baratos, devido um real depreciado e o grande volume de recursos de gestores de private equity, devem mudar o jogo nos próximos meses.

Dezenas de tentativas de acordos foram suspensas na primeira metade de 2015, com o país enfrentando turbulência econômica e política. Ainda assim, o trabalho de assessoria financeira foi intenso no período, forçando bancos a envolver mais gente do que o habitual para lidar com transações que foram feitas, disseram profissionais do setor à Reuters.

Embora as perspectivas para a economia doméstica sigam desanimadoras, os esforços do governo federal para controlar a inflação e as contas fiscais estão melhorando gradualmente a confiança de investidores, segundo executivos. Além disso, preços mais atraentes para alvos de aquisição devem ajudar a transformar planos em negócios efetivos.

"Já sabíamos que nesse ano não seria fácil fechar negócios", disse o chefe de fusões no Bradesco BBI, Alessandro Farkuh. "Apesar do cenário estar melhorando gradativamente, as transações estão demorando para ser concluídas. Estamos gastando mais energia e mais tempo para fechar negócios."

No ano até 30 de junho, as companhias anunciaram 14,47 bilhões de dólares em fusões no Brasil, menor volume em uma década, mostrou um levantamento da Thomson Reuters. O número de transações caiu 39 por cento ante o ano anterior, e 65 por cento na comparação com os últimos seis meses de 2014.

Apenas 117 negócios, no valor de 5,95 bilhões dólares, foram anunciados no segundo trimestre, ante 139 nos primeiros três meses do ano, como conseqüência da pior recessão em duas décadas e um escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras.

O BTG Pactual liderou o ranking de assessores financeiros, coordenando 7,53 bilhões de dólares em transações de janeiro a junho. O Itaú BBA, banco de investimento do Itaú Unibanco, liderou em número de negócios, tendo participado de 17 operações no semestre.

CONVERGÊNCIA DE PREÇOS

A atratividade criada por alvos de aquisição mais baratos em breve começará a se sobrepor aos riscos para alguns compradores, à medida que a diferença de preços de vendedores e compradores diminua, disse o diretor da Greenhill & Co no Brasil, Rodrigo Mello. Segundo ele, essa aproximação deve ser facilitada uma vez que o real siga perdendo força contra o dólar.

Multinacionais e outros investidores estratégicos estão pondo a cautela de lado e buscando maior exposição ao Brasil, alguns em busca de ativos específicos, outros para aproveitar oportunidades em infraestrutura.

Algumas operações candidatas a serem concluídas nos próximos meses incluem a venda da unidade do HSBC no país, avaliada em cerca de 4 bilhões de dólares, e a participação do grupo OAS na Invepar, disseram fontes recentemente à Reuters.

A fabricante de produtos de higiene Hypermarcas está planejando vender ou cindir sua unidade de fraldas. E a Petrobras quer vender 3 bilhões de dólares em ativos de biocombustíveis e outros considerados não essenciais neste ano.    

PATROCINADORES FINANCEIRAS

Especialistas em fusões apostam no poder de fogo de investidores financeiros, como os fundos soberanos, ou nos gestores de private equity, que no ano passado levantaram um recorde 5,6 bilhões dólares para investir do Brasil.

Apesar da recente ressaca após um boom de uma década que atraiu centenas de bilhões de dólares, o Brasil segue como principal destino da indústria de private equity da América Latina, com 58 por cento do valor das aquisições na região.

"Para os investidores financeiros estratégicos e de longo prazo, o Brasil ainda é muito grande e relevante para seus planos de negócios, e seu apetite para negócios no país continua alto", disse o chefe de banco de investimento do Goldman Sachs no Brasil, Antonio Pereira.

As ofertas podem se concentrar em setores e empresas resilientes, com gestão experiente o bastante para superar ciclos difíceis, disse o sócio-gerente da Advent International, David Mussafer. Em 2014, o grupo de private equity levantou um fundo de 2,1 dólares bilhões para América Latina.

Entre os setores mais cobiçados estão serviços financeiros, saúde e educação, disse o sócio do BTG Pactual Bruno Amaral.

Também são esperadas reestruturações de empresas, especialmente daquelas que precisam reduzir pessoal e renegociar dívidas. Bancos e escritórios de advocacia, incluindo Itaú BBA, Rothschild e Alvarez & Marsal, estão ganhando mandatos para supervisionar mais operações como essas.  Por Guillermo Parra-Bernal e Aluísio Alves  (Reuters) - Leia mais em Bol.Uol 01/07/2015

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01 julho 2015



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