17 fevereiro 2015

Para Itaú, país vive o ano da "trindade impossível"

O ano de 2015 será o da "trindade impossível", nas palavras de Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco: o governo vai precisar fazer um ajuste fiscal mais expressivo do que o antecipado, ter apoio político para aprovar cortes de despesas e aumentos de impostos e, ainda, promover um forte aperto monetário para levar a inflação ao centro da meta, de 4,5%, em 2016. Dos três fatores que formam a trinca, disse Goldfajn, o que está mais em jogo no momento é a consolidação fiscal.

Durante apresentação do cenário econômico do banco, ele afirmou que conta com o cumprimento da meta de superávit definida para este ano, de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB). Ele reconheceu, porém, que a tarefa ficou mais difícil após a divulgação dos resultados de 2014, que terminou com um déficit primário de 0,6% das contas públicas.

"O resultado do ano passado foi bem pior que o imaginado, algumas medidas podem ter dificuldade de passar no Congresso, outras ainda precisam ser introduzidas e o fato de o PIB cair não ajuda em nada a arrecadação", disse. O Itaú estima que a economia vai encolher 0,5% em 2015,tombo que aumenta para1,1% se houver racionamento.

Segundo o economista Caio Megale, para alcançar a meta fiscal, as medidas já tomadas precisam ser aprovadas exatamente como anunciadas, e ainda serão necessários outros impostos. Nos cálculos do Itaú, os ajustes já conhecidos garantem um primário de 1% do PIB. O problema é que despesas como o reajuste do salário mínimo e de benefícios previdenciários, o pagamento e a equalização de juros, entre outros, têm impacto negativo, de menos 0,9 ponto do PIB.

Por isso, o banco estima que o governo ainda precisa de uma receita extra de R$ 25 bilhões, ou 0,5 ponto do PIB, proveniente de elevações de tributos ainda não comunicadas pelo governo, para cumprir a meta fiscal.

Assim como a previsão para o superávit primário, Goldfajn avalia que a estimativa de que a taxa Selic encerrará 2015 em 12,5% também tem agora um viés mais difícil - o Itaú trabalha com alta de 7,4% do Índice Nacional de Preços Consumidor Amplo (IPCA) neste ano - mas ponderou que a fraqueza da atividade econômica pode inibir a alta maior do juro.

Na visão do economista-chefe do Itaú, as alterações na diretoria do Banco Central não devem mudar de forma relevante a condução da política monetária. A realidade que influencia as decisões, no entanto, está sujeita a mudanças, disse, principalmente a taxa de câmbio, que no início do ano já chegou perto do nível previsto para dezembro.

O banco projeta o câmbio terminará 2015 em R$ 2,90.

"A depreciação me parece mais importante para as inalização da política monetária do que fulano ou sicrano mudando de diretoria", disse Goldfajn, para quem uma série de fatores indica que a desvalorização cambial não será lenta: a necessidade de ajustar as contas externas, as incertezas maiores no Brasil e em relação à subida de juros nos EUA e, por fim, a intenção já manifestada tanto pelo BC quanto pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de não continuar intervindo no câmbio. Arícia Martins  Valor Econômico - 12/02/2015 - Leia mais em resenhaeletronica 12/02/2015



17 fevereiro 2015



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