27 janeiro 2015

Brasil Insurance vai rever compras e troca presidente

Após a alta adesão ao direito de retirada de seus acionistas por conta da aquisição da Ben's Corretora, a Brasil Insurance terá que rever esta e as outras duas compras que fez após a transação.

Em meio a mais esse desdobramento da crise em que vive a empresa há um ano, o conselho de administração da companhia demitiu o presidente Edward Lange e definiu que o diretor financeiro, Miguel Longo, vai acumular a posição pelo menos até a próxima reunião de acionistas.

Ontem, a companhia anunciou que o direito de recesso decorrente da aquisição da Ben's Corretora, em dezembro de 2013, foi exercida por acionistas no total de R$ 42,239 milhões. O valor equivale à metade do caixa que a empresa tinha no terceiro trimestre de 2014. A concretização do pagamento, no entanto, depende de assembleia de acionistas que pode ratificar ou cancelar a aquisição.

"Vamos analisar com os acionistas qual o melhor caminho para a companhia. Se é continuar com a aquisição ou pedir o seu cancelamento", disse Longo em teleconferência com analistas.

A holding de corretoras de seguros também vai "revisitar" a aquisição das corretoras ISM e Fidelle "no momento oportuno", segundo Longo. As duas aquisições foram feitas depois da compra da Ben's. O problema, nos três casos, é que o valor patrimonial da ação na época das aquisições - que é o que tem que ser pago aos acionistas no direito de retirada - é hoje maior do que o valor de mercado da ação, o que motiva uma alta adesão dos investidores (leia Contexto). "A companhia vai buscar preservar o interesse dos acionistas e revisitar esse assunto", disse Longo.

Já sobre a saída de Edward Lange da presidência da empresa, Longo disse na teleconferência que a iniciativa foi tomada pelo conselho de administração durante o fim de semana.

"A decisão do conselho conta com a visão de todas as partes interessadas e leva em consideração todas as informações que chegam até ele", afirmou. Ele lembrou que o conselho da companhia é composto por três conselheiros independentes e dois sócios-corretores e que a decisão teve o objetivo de preservar "o melhor interesse de todas as partes interessadas".

Segundo o executivo, a decisão do conselho é que ele fique na presidência até pelo menos a próxima Assembleia Geral Ordinária (AGO), prevista para até o fim de abril, para "conduzir a companhia neste momento de transição". Segundo Longo, o conselho não quis nomear alguém em caráter definitivo para o cargo com uma assembleia próxima de se realizar, quando o assunto será debatido.

Lange deixará a companhia no decorrer desta semana. O executivo assumiu o cargo em maio do ano passado e iniciou, junto com Longo, o processo de reestruturação para integrar as 52 corretoras sob o guarda-chuva da holding. No fim do ano, a companhia anunciou a contratação do Morgan Stanley como assessor financeiro para ajudá-la na "redefinição de seus objetivos estratégicos".

Na teleconferência, o executivo foi questionado sobre como a empresa vai sobreviver ao fim dos acordos de "não competição" de boa parte de seus sócios-corretores, que acaba em novembro de 2016. Longo listou uma série de iniciativas que estão sendo adotadas para incentivar os corretores permanecerem na empresa, como eficiência de custos, melhores condições comerciais com as seguradoras e sinergia de vendas com os outros corretores da holding.

A ação da Brasil Insurance caiu 7,11% ontem, para R$ 2,09. Só neste ano, o papel já recuou R$ | 38,5%, após já ter caído 80% ao longo de 2014.  Por Thais Folego e Daniela Machado


27 janeiro 2015



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