22 abril 2013

Após plano agressivo de aquisições, AGV busca gerar valor

Empresa logística reestrutura operações e foca atuação em áreas mais rentáveis. Após queda do faturamento em 2012, AGV espera voltar a crescer 20% a partir de 2014

 Um ano e cinco meses após a gestora de recursos Tarpon se transformar na principal acionista da AGV Logística, a empresa vive um novo ciclo. Depois de uma etapa em que queria se tornar uma companhia de nicho, a empresa passou por uma fase de crescimento via aquisições e agora está num terceiro momento, voltado à geração de valor.

 "Estamos rediscutindo a estratégia, fazendo a integração das empresas que compramos para voltarmos a crescer forte com foco muito mais orgânico que em fusões e aquisições", diz o presidente e fundador da empresa, Vasco Carvalho Oliveira Neto.

 Com um modelo inspirado em empresas americanas, a companhia sediada em Vinhedo (SP) está em busca de maior eficiência, com redução de custos e foco nas áreas de atuação mais rentáveis.

 Depois que a Tarpon entrou no capital, a AGV passou a se desfazer da frota de veículos, voltando à ideia inicial de ser pouco intensiva em ativos ("asset light"). O número de funcionários também foi reduzido, de 4,3 mil para 3,3 mil, entre 2011 e 2012. A AGV oferece hoje "gente, tecnologia e processos", afirma Oliveira Neto.

 As transformações pelas quais a empresa fundada em 1998 passou levaram a uma menor dependência de setores. Segundo o executivo, nenhum segmento representa hoje mais de 20% da receita, assim como nenhum cliente tem fatia maior de 6%.

 Desde o início do ano, a AGV estruturou os negócios de forma a ter dois segmentos: um voltado à logística integrada e outro, aos fretes. Essa segunda unidade tem um modelo mais simples, podendo atender uma etapa específica da logística e voltada a clientes industriais. Já no segmento de logística integrada - que conta com rentabilidade maior -, a AGV decidiu se focar em poucos setores: saúde, bancos, bens de consumo de alto valor agregado, telecom e moda.

 No ano passado, com a estratégia de rever contratos e alinhar a atuação, o faturamento caiu cerca de 10%, para um valor aproximado de R$ 600 milhões. Essa foi a primeira baixa da história da companhia. Já para 2013, a empresa logística espera uma expansão modesta, de 5% a 10%, com as expectativas mais voltadas a 2014, quando as mudanças estarão concluídas. "Esperamos voltar a crescer acima de 20%", diz o presidente.

 A AGV foi fundada pelo executivo e sua família e iniciou a atuação na cadeia de frios, pois os Oliveira tinham um frigorífico em Vinhedo. Pouco tempo depois, a companhia se especializou em logística de medicamento veterinário.

 Em 2006, quando a AGV faturava R$ 80 milhões, Vasco se deparou com o dilema de vender a empresa ou investir em seu crescimento. A segunda decisão ganhou força e o respaldo partiu da Equity International, criada pelo investidor Sam Zell, que comprou parte do capital em 2008. O novo sócio deu fôlego para que a companhia investisse R$ 250 milhões em oito aquisições entre 2008 e 2011 e multiplicasse o tamanho, com as compras responsáveis por 65% do crescimento.

 Quando a Equity entrou na empresa, a família Oliveira saiu, mas o fundador ficou com uma participação de 65% e o novo sócio, de 35%. Em 2010, na compra de uma companhia do Sul, seus proprietários na ocasião entraram no capital da AGV e ficaram com 19% de representação. Na virada de 2011 para 2012, o presidente enxergou a necessidade de contar com outro sócio, mas, naquela vez, com perfil diferente dos anteriores. "Queríamos um sócio com um perfil de maior proximidade, com uma visão de mais longo prazo e mais atuante", afirma o executivo.

 Foi então que a Tarpon, em conjunto com os já acionistas, investiu R$ 134 milhões na AGV e passou a deter 51,2%, deixando Oliveira Neto com uma fatia de 23%, a Equity, com 17%, e os sócios do Sul, com 8,8%. Atualmente, o presidente e a Tarpon dividem o controle da AGV, do ponto de vista societário.

 Segundo Oliveira Neto, a gestora não tem um prazo certo para "liquidar" a participação na AGV. Ele também acredita que a Equity tem um potencial de ao menos cinco anos pela frente para desinvestir. Em relação a uma oferta pública inicial de ações, o presidente diz que a questão não está em pauta e reforça que o foco agora está na geração de valor. Beatriz Cutait Valor econômico
Fonte: interjornal 22/04/2013

22 abril 2013



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