21 janeiro 2013

Bozano compra 30% da gestora Mercatto

Treze anos depois de ter deixado o mercado financeiro, com a venda do banco Meridional para o Santander, o Grupo Bozano está de volta. Fechou a compra de 30% da gestora de recursos carioca Mercatto, que tem R$ 3 bilhões sob gestão.

 Com a volta do Bozano à gestão de recursos de terceiros, a intenção, segundo Sergio Eraldo Salles Pinto, presidente do grupo, é criar uma estrutura capaz de atrair parceiros de hoje e de outros tempos da instituição, como gestoras independentes, que possam também se tornar associadas. "Os gestores que tiverem a mesma filosofia de investimento que a nossa, que se apresentem, pois serão bem-vindos", afirma o executivo.

 Depois da venda da instituição, que chegou a controlar um dos maiores banco de investimento do país, o grupo Bozano continuou a existir, mas passou a se dedicar apenas à administração de seu próprio patrimônio, aos moldes de um "family office".

 "Nesses anos, testamos diversos gestores do mercado, independentes ou não. Quando tomamos a decisão de voltar à indústria de administração de recursos, buscamos o parceiro mais alinhado com a filosofia do Bozano", diz Salles Pinto. 

Criada há 14 nos, a Mercatto nasceu tendo como sócios ex-funcionários do próprio Bozano, Simonsen, que fazia parte do conglomerado financeiro vendido ao Santander. O grupo financeiro começou a ser criado em 1961, com a união de Julio Bozano e Mario Henrique Simonsen, que foi ministro da República e já é falecido.

 A Mercatto atua em gestão de recursos, incluindo fortunas e fundos de private equity, replicando a filosofia criada pelo banco nos anos 90, ao unir análise fundamentalista e governança corporativa, um modelo que se espalha no mercado.

 Regis Abreu, sócio da Mercatto, conta que muitos clientes que eram do Bozano migraram para a sua gestora. "Eles reconheceram que nossos princípios de gestão e operacionais são os mesmos do Bozano", diz. Além de Abreu, a Mercatto tem em seu comando Luís Lobato, diretor de operações, e Nelson Assad, sócio-fundador.

 O desejo do Bozano de se unir a outras gestoras já está se repetindo em outras áreas. O grupo está fechando uma parceria com a BR Investimentos, private equity que investe em educação, criado por Paulo Guedes, ex-Pactual. Na área de óleo e gás, associou-se a Rodolfo Landim, ex-executivo da Petrobras e comanda a petrolífera YXZ.

O Bozano também é sócio da Azul Linhas Aéreas. O Bozano será o maior acionista individual da Mercatto com os 30% que adquiriu. Os valores da compra da participação, porém, não foram revelados.

Salles Pinto deixa claro que o Bozano não voltará a ser um banco. "Temos um acordo de não competição com o Santander." O banco espanhol comprou em 2000 um conglomerado financeiro que incluía dois bancos, corretoras, distribuidoras e pagou R$ 1,5 bilhão na época. Com a venda da instituição financeira, o grupo ficou com caixa no Brasil e no exterior.

 De imediato, a marca Bozano não será retomada. "Acreditamos que a Mercatto já tem um nome consolidado e respeitado no mercado", diz Salles Pinto. O grupo vai criar uma subsidiária no Brasil, a Bozano Investimentos, que será o veículo utilizado para a associação com a Mercatto. "Futuramente, os sócios podem considerar acrescentar não só a nossa marca mas também a de outros gestores que aderirem ao projeto, utilizando algo como Mercatto associada à Bozano Investimentos."

 Salles Pinto, que está há 25 anos no grupo Bozano, com passagens por diversos setores, mas sempre dedicado a investimentos, risco e controladoria, será o presidente do conselho de administração da Mercatto e conta que, no futuro, o Bozano poderá aumentar a sua participação, mas sem chegar a assumir o controle da empresa.

 O executivo reconhece que o mercado de hoje é muito diferente daquele em que o Bozano se consolidou. Abreu, da Mercatto, lembra que o Bozano, em um momento em que o mercado era somente ditado por questões macro, como inflação e dólar, apostou numa estratégia micro, de avaliação de empresas, que se tornou mais viável hoje. "Naquela época, havia seis ou sete ações na bolsa, com liquidez, e metade estatais. Hoje, apenas no Novo Mercado são 116 companhias." Por Ana Paula Ragazzi
Fonte: cvmclipping 21/03/2012

21 janeiro 2013



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