11 maio 2012

Rodobens cresce em busca do IPO

Pouco menos de dois anos após um processo de reorganização, a Rodobens Negócios e Soluções, que passou a abrigar as concessionárias de veículos e as unidades de soluções financeiras do grupo Rodobens, começa a abrir novos mercados e se prepara para abrir o capital em data ainda sem definição.

 A empresa está prestes a iniciar novo negócio: uma rede de veículos seminovos, que será sua sétima unidade de negócio. Ainda em fase piloto, as duas primeiras lojas - uma no bairro do Morumbi, na zona sul de São Paulo, e a outra em São José do Rio Preto, cidade-sede do grupo - têm inauguração prevista até o fim do ano.

 A nova operação será um canal para a Rodobens recolocar no mercado um volume aproximado de 500 veículos por mês de carros e caminhões usados nas atividades de locação e leasing operacional. Hoje, essas duas operações reúnem uma frota de 3 mil veículos, sendo a maior parcela - 2,5 mil unidades - formada por carros e utilitários leves.

 As possibilidades de expansão da RNS envolvem ainda a abertura de novas revendas de máquinas agrícolas - negócio no qual tem seis concessões da New Holland no Mato Grosso - e a expansão das concessionárias de carros para cidades do interior do país, na trilha do crescimento do agronegócio.

 A meta é dobrar o tamanho da RNS em cinco anos, alcançando já em 2012 receita líquida de R$ 3,5 bilhões, 16,7% a mais do que o resultado do exercício de 2011.

 Pelo lado dos negócios envolvendo áreas financeiras, os planos incluem ingressar no financiamento imobiliário, aumentar a penetração de seus planos de consórcio nas classes C e D e lançar novas modalidades de seguro (vida, saúde e de risco).

 Desde julho de 2010, quando os negócios automotivos e financeiros foram agrupados dentro de uma única estrutura organizacional, a captura de sinergias e ganhos com as vendas cruzadas permitidas com a combinação de produtos, como seguros e automóveis, já alcançaram um quarto do resultado operacional medido pelo Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização).

 Para a direção da RNS, há espaço para reforçar ainda mais essa integração, permitindo elevar a margem Ebitda - que mede a relação entre esse indicador e a receita líquida - de 7,5%, em 2010, para 13,6% até o fim deste ano.

 A previsão se baseia não apenas em ganhos adicionais, mas também na tendência de crescimento nos negócios de maior margem - caso do leasing operacional, da locação e do banco do grupo, cuja carteira, composta por financiamento de veículos, alcançou um saldo de R$ 1,1 bilhão. A RNS não detalha a rentabilidade por unidade de negócio, mas diz que a maior margem supera a menor em dez vezes.

 "Sempre tem algo mais a fazer", diz Eduardo Rocha, presidente da Rodobens Negócios e Soluções, contratado logo após a conclusão da reorganização da empresa. Ainda falta levar o novo modelo de negócio para o segmento de máquinas agrícolas, que, no processo de integração, ficou atrás dos demais setores explorados pela RNS.

 Com o crescimento da fronteira agrícola do país, Rocha acredita que essa operação - iniciada há 32 anos - terá expansão de 30% em 2012 e será um motor importante para os resultados. "Essa é uma área interessante para expandir o número de pontos de venda. Vamos entrar com mais força no setor", afirma Rocha.

 Na investida em veículos usados, a companhia mergulha em um setor que supera em três vezes o mercado de novos, de 3,42 milhões de carros em 2011.

 Para Rocha, 2012 será um ano de consolidação das mudanças feitas nos últimos dois anos, buscando um crescimento ao ritmo anual de 20%. A partir de 2013, a RNS espera estar preparada para fazer a oferta pública inicial de ações (IPO), a exemplo do que fez o braço imobiliário do grupo, a Rodobens Negócios Imobiliários, que levantou R$ 448,5 milhões na bolsa no início de 2007.

 A empresa ainda não contratou uma instituição financeira para assessorá-la na operação, mas já tem sido constantes encontros com investidores no país e exterior para apresentar os planos da RNS.

 "Não há uma semana em que não tenho o contato de um banco", afirma Rocha, reconhecendo, contudo, que o apetite do mercado mudou sensivelmente desde que a empresa irmã realizou seu IPO. "A época em que o mercado pagou múltiplos exagerados já passou. Isso aconteceu em 2007 e 2008. Agora, os investidores estão mais exigentes", comentou.

 Hoje, a meta é montar na empresa uma estrutura de governança nos mesmos moldes de uma companhia aberta. A profissionalização da gestão já foi concluída. O próximo passo, até o fim do ano, é agregar membros independentes ao conselho de administração, formado pela família Verdi, fundadora do grupo, e ex-executivos. Por Eduardo Laguna
Fonte: Valor Econômico 11/05/2012

11 maio 2012



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