15 maio 2012

Eucatex planeja criar empresa sem passivos

Os planos da Eucatex para listar ações no Novo Mercado incluem a criação de uma nova empresa, que concentrará os ativos operacionais da fabricante de produtos de madeira, como pisos laminados, portas e divisórias.

 Assessorada pelo BTG Pactual, a família Maluf, que controla o negócio, quer isolar essa "Nova Eucatex" de quaisquer passivos existentes hoje - e que incluem questões envolvendo investigações policiais sobre os Maluf.

Depois de separar a empresa dessas contingências, o passo seguinte poderá ser tanto a venda da companhia quanto uma tentativa de impulsionar o negócio buscando recursos no mercado.

 Procurada pelo Valor, a Eucatex não concedeu entrevista. O BTG Pactual informou que "não comenta rumores de mercado".

 Hoje a família Maluf controla a empresa com 60% das ações ordinárias. Depois da reorganização do negócio também terá o controle, só que indireto, da "Nova Eucatex" por meio de uma holding, que concentrará 72% das ações da empresa que migrará para o Novo Mercado.

 Aos atuais acionistas da Eucatex será oferecido a possibilidade de transferir sua participação para essa nova companhia.

 Na sexta-feira, quando a empresa confirmou os planos aderir ao principal nível de governança da bolsa paulista, as ações preferenciais, mais líquidas, subiram 6% e giraram R$ 3,4 milhões, nove vezes mais do que a média de 2012. Ontem, dia difícil para a bolsa, os papéis fecharam com pequena alta, de 0,62%.

 O valor de mercado da Eucatex está por volta de R$ 750 milhões. Segundo o mercado, os papéis contam com um desconto por conta das investigações atreladas à família Maluf. Isolando as operações em uma nova empresa, acreditam que esse desconto tende a cair - o que seria favorável para um plano futuro de venda.

 Paulo Maluf e seu filho, Flávio, diretor-presidente da Eucatex, estão desde 2010 na lista vermelha de procurados pela Interpol, a polícia internacional. De acordo com a denúncia de promotor de Nova York, Maluf teria enviado, entre janeiro e agosto de 1998, US$ 11,68 milhões para a conta Chanani, nos Estados Unidos, que teria servido de ponte para remessas à Ilha Jersey, um paraíso fiscal. Só depois os recursos teriam voltado ao Brasil e para a Eucatex. Maluf e seu filho já tentaram ter seus nomes retirados da lista, sem sucesso.

 O temor entre os investidores é que alguma conclusão de investigações envolvendo o político possa afetar o negócio Eucatex, por isso a pouca atratividade das ações e o desconto em bolsa.

 Em 2009, a Eucatex encerrou seu plano de recuperação judicial, depois de dois anos, e desde então trabalha para melhorar sua imagem no mercado - a companhia tem ações na bolsa desde 1969. Quando saiu da recuperação, a empresa também encerrou algumas ações judiciais contra a Receita Federal e parcelou alguns passivos tributários, em 180 meses, no montante de R$ 175 milhões.

 No primeiro trimestre, a Eucatex apresentou lucro líquido de R$ 15,4 milhões, 37% inferior ao registrado no mesmo período do ano passado. A receita líquida teve crescimento de 7% para R$ 218,9 milhões e o Ebitda ficou em R$ 42 milhões. O endividamento líquido estava em R$ 238,7 milhões. Por Ana Paula Ragazzi
 Fonte: Valor Econômico 15/05/2012

15 maio 2012



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