09 maio 2012

Brasil Travel muda CEO e reformula estratégia

Após ter adiado por um prazo indefinido o que seria a primeira oferta pública inicial de ações (IPO) de 2012, prevista para o início de fevereiro, a Brasil Travel trocou de diretor-presidente e está reformulando o seu modelo de negócios original.

 Das 35 empresas que integravam a primeira holding brasileira de turismo, restaram em torno de 20. Um de seus criadores, o advogado Luiz Augusto Azevedo Sette, saiu da sociedade que mantinha com o outro idealizador da Brasil Travel, Pedro Guimarães, ex-executivo do mercado financeiro, com passagem pelo BTG Pactual. Guimarães permanece como presidente do conselho de administração da holding.

 O Valor apurou que entre as empresas que desistiram de participar do grupo estão duas das maiores, a CI, especializada em intercâmbio, e a Visual, uma das maiores consolidadoras do país. A Visual elabora pacotes turísticos e os vende por meio de uma extensa rede de agências parceiras. A CI e a Visual não comentaram a informação.

 Em reunião realizada na segunda-feira, a Brasil Travel aprovou o nome de Edmar Bull para ser o novo diretor-presidente. Ele assume o cargo que foi de Paulo Castello Branco, ex-vice-presidente da TAM Linhas Aéreas.

 "Renunciei há um mês e meio. Eles [Brasil Travel] começaram a trabalhar numa nova modelagem e, como várias empresas saíram, o projeto não me interessava mais", afirmou Castello Branco.

 A criação da Brasil Travel estava diretamente ligada à oferta de ações. Essa operação geraria recursos para a holding adquirir participações nas suas controladas, que por sua vez teriam uma fatia da Brasil Travel. A participação de cada uma das integrantes na holding dependeria do porte de cada companhia. "Quem vai definir a viabilidade do IPO é o próprio mercado", disse Bull ontem, enfatizando que a oferta de ações permanece como um projeto "bem para a frente", mas sem prazo definido.

 A previsão inicial era a de levantar até R$ 1,4 bilhão no IPO, pelo teto do intervalo de preço sugerido por ação, entre R$ 1.250 e R$ 1.650. No dia 8 de fevereiro, porém, a holding teve de reduzir o piso para R$ 1 mil por causa da baixa demanda pelas ações. Mesmo assim, a Brasil Travel não obteve interesse e teve de reduzir ainda mais o preço, para R$ 850. No dia seguinte, o IPO foi suspenso por prazo indefinido.

 Bull é presidente do conselho de administração da Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas (Abracorp). O executivo também é vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav Nacional).

 De acordo com fontes do setor, algumas das empresas que saíram da composição inicial da Brasil Travel já começaram a se articular com outras companhias de turismo em busca de uma consolidação entre elas. São pequenos grupos, com cerca de três empresas cada, de diferentes áreas de atuação.

 Bull conta que as 20 empresas que permaneceram na Brasil Travel representam até 39 CNPJs diferentes. A troca de ações, diz ele, vai ser financiada pelas próprias companhias de turismo de diferentes frentes, como operadoras, agências corporativas e de lazer, entre outros perfis. "Vamos trabalhar agora na sinergia interna, nos processos de compras e atendimento ao cliente final, por exemplo", afirmou o novo presidente.

O mercado aguardava com ansiedade o IPO da Brasil Travel, conforme o Valor publicou no início de fevereiro. Naquela época, esperava-se a reabertura do caminho para ofertas de ações, após meses sem emissões realizadas. O pedido de oferta da holding de turismo foi encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em dezembro. A operação seria coordenada pelo Credit Suisse, em parceria com o Barclays e o Santander.Por Alberto Komatsu
 Fonte: Valor Econômico 09/05/2012

09 maio 2012



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