04 maio 2012

Após eleger conselho, PDG mudará gestão e negócio

A eleição de um novo conselho de administração, na próxima terça-feira, será um divisor para a PDG.

O evento marcará uma transição, tanto da gestão, quanto das atividades e do tamanho do negócio da incorporadora.

 Segundo a empresa, 2012 será o primeiro ano na história da companhia com diminuição do número de lançamentos, maior foco na geração de caixa e otimização de processos internos.  "É natural que, após o forte crescimento observado nos últimos anos, essa mudança venha acompanhada de um sentimento de mudança de rumo", informou a empresa em nota enviada ao Valor.

 A gestão da PDG indicou uma chapa para o conselho que não inclui Michel Wurman, atual vice-presidente. Já havia rumores no mercado, sempre negados pela companhia, sobre a saída do executivo. Ao lado do presidente, Zeca Grabowsky, Wurman sempre foi considerado pelo mercado como determinante para as razões do sucesso da companhia.

 Da chegada à bolsa, em 2007, até o maior valor já atingido pela ação, em 2010, a valorização chegou a 236%.

 Em princípio, o plano da empresa previa que, já neste ano, Wurman assumisse a presidência, enquanto Grabowsky iria para o comando do conselho. Informalmente, essa transição começou a ser feita, mas por alguma razão ainda não esclarecida, não se concretizará. Alguns relatos de ex-funcionários dão conta de desentendimentos no alto escalão. Grabowsky, que já havia sinalizado o desejo de sair do dia a dia da companhia, deverá comandar uma transição. Entre os que foram cogitados para assumir a presidência está Milton Goldfarb, dono de uma das empresas adquiridas pela PDG.

 A PDG esclarece que os executivos citados continuam nas suas atuais funções e que a transição de Grabowsky como presidente "não acontecerá neste momento". Segundo a empresa, "qualquer mudança relevante relativa à transição da administração será discutida a partir da eleição do novo conselho".

 As críticas à administração, no entanto, são fortes. Como a gestão veio de banco de investimento, o antigo Pactual, a avaliação é que teriam privilegiado visões e decisões de curto prazo que talvez não fossem as mais adequadas para o futuro da companhia.

 Essa percepção se instalou de vez depois de a empresa divulgar que três diretores haviam protegido de oscilações de mercado as ações a que têm direito nos planos de opções.

 Os executivos fizeram um derivativo que sinalizava que daqui a dois anos os papéis da companhia estariam muito próximos do valor atual. Os diretores que fizeram o derivativo foram João Mallet (financeiro), Marcus Vinicius Sá (operações) e Cauê Cardoso (jurídico e "compliance"). A aparente falta de alinhamento dos executivos com a companhia teria afetado a disposição para o trabalho de todas as classes de funcionários.

A empresa afirma que as operações não causaram repercussão interna, mas foram questionadas por investidores. Por isso, as operações com planos de opções foram proibidas e uma nova política de negociações mais restritiva será submetida à aprovação na assembleia do dia 8.

 Aquisições do passado e também falhas de gestão tendem a aparecer com mais força daqui para a frente, à medida que as obras lançadas têm de ser entregue, por conta do ciclo do setor de construção.

 A PDG vale R$ 5,4 bilhões em bolsa e tem um total de lançamentos mais de seis vezes maior do que esse valor. A preocupação dos investidores é que por conta do total lançado, dependendo do tamanho da revisão de orçamento necessária, o impacto para a companhia poderá ser muito relevante. No mercado, analistas observam que as dificuldades encontradas pela PDG são oriundas de ela ser a reunião de várias companhias. Mais relevante ainda, para os analistas, seria o fato de a empresa não ter um dono. Por Ana Paula Ragazzi

Fonte: Valor Econômico 04/05/2012



04 maio 2012



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