17 abril 2012

Mais empresas saem da Bolsa paulista

Enquanto as aberturas de capital continuam paradas, em meio às incertezas sobre o cenário global, o número de empresas que decidem sair da Bolsa brasileira aumenta.

Desde o último trimestre do ano passado, sete empresas pediram o cancelamento de registro de companhia aberta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Pelo menos quatro envolvem a participação de pequenos investidores. De janeiro a setembro de 2011, foram três.

A maior operação em curso --e também a que mais tem despertado atenção-- é a da Redecard, processadora de cartões de crédito controlada pelo Itaú Unibanco.

A oferta, que deve ser finalizada em agosto, com leilão de venda das ações, pode movimentar R$ 11,7 bilhões.

Mas o preço oferecido pela instituição, de R$ 35 por ação, tem sido alvo de contestações desde que foi anunciado, em fevereiro.

Em relatório de março, analistas do HSBC afirmaram que o preço deveria ser 11% superior, de R$ 39.

Ontem, em teleconferência com analistas, o presidente do Itaú, Roberto Setubal, tentou convencer os minoritários de que o preço é justo.

MEIA-VOLTA

A exemplo da Redecard, outras duas empresas que planejam a saída da Bolsa, a CCDI e o UOL (empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha), fizeram sua oferta inicial de ações no boom de aberturas de capital, a partir de 2004.

Mas, para a Bovespa, o movimento não é visto como uma regressão. "Faz parte da dinâmica do mercado que as companhias saiam", diz Cristiana Pereira, diretora de relacionamento com empresas e institucional da Bolsa.

Segundo especialistas, os motivos que levam uma empresa a deixar o pregão são distintos e podem estar ligadas às condições da Bolsa e da economia em geral.
"Com o cenário da economia menos favorável, a empresa não vê a perspectiva de crescer e de precisar se financiar via mercado de capitais", diz Érica Gorga, professora da Fundação Getulio Vargas.

Outras justificativas incluem questões estratégicas --como a visão de que a empresa está sendo subavaliada-- ou a falta de cultura.

"Ao comprar as ações dos minoritários, o controlador, em tese, reconhece que os papéis estão baratos e que é mais vantajoso ter uma fatia maior de uma empresa que vai se valorizar no futuro", diz um advogado que trabalha em uma OPA, oferta pública de aquisição, em curso.

Em outros casos, o fechamento resulta de consolidação. É o caso da TAM, que prepara uma OPA para cancelar o registro de companhia aberta. A operação ocorre após a fusão com a chilena LAN.

Para combinar as atividades das duas companhias, os acionistas da TAM receberão ações da LAN em forma de BDRs (certificados de ações estrangeiras negociadas na Bolsa brasileira). Por MARIANNA ARAGÃO

Diogo Shiraiwa/Editoria de Arte/Folhapress
Fonte:Folha de SP 17/04/2012

17 abril 2012



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