26 abril 2012

Estre investe no NO e deseja 5ª posição mundial até 2016

Passado pouco mais de um ano desde a aquisição da Cavo, que pertencia ao grupo Camargo Corrêa e que fez a empresa praticamente dobrar de tamanho, o Nordeste se transformou na nova prioridade do Grupo Estre. A aquisição da companhia Viva Ambiental, com atuação em Alagoas e na Bahia, foi a ponta de lança da estratégia de expansão geográfica da companhia do empresário Wilson Quintella Filho.

 "A Viva Ambiental é uma empresa importante num mercado em que queríamos entrar", afirmou o executivo, em entrevista exclusiva ao Valor. Até então, a Estre tinha uma atuação limitada na região, concentrada em Sergipe.

 Com valor de aquisição não revelado, a Viva Ambiental fatura cerca de R$ 200 milhões ao ano e 80% dos clientes estão no setor público. Com o negócio já fechado, o Grupo Estre pretende dar corpo às operações nordestinas, de olho no potencial de crescimento econômico da região e também em suas deficiências. Quintella conta que 75% da destinação de lixo no Nordeste é irregular. O empresário vê também potencial de expansão de negócios no segmento privado.

 Projetos em Estados como Ceará, Piauí e Pará estão no centro das atenções, mas o planejamento estratégico para a região ainda não foi estabelecido.

 O que está certo é que a Estre não pretende parar nesse ponto. Em meio a um movimento de consolidação do setor de saneamento, que coloca grupos como Marquise, Solví e Queiroz Galvão como seus principais concorrentes, a empresa pretende abrir nova frente no Centro-Oeste. Diferentemente da estratégia nordestina, entretanto, a ideia é entrar nesse mercado via licitações. Além disso, o grupo estuda aquisições no Sudeste, com o objetivo de complementar sua atuação.

 O Grupo Estre está crescendo por volta de 25% organicamente, mas projeta expansão maior, de até 45%, para o Nordeste. "O mercado está vivendo um processo importante de consolidação do qual estamos participando. Na verdade, o mais fácil é comprar; fazer a junção e integração desses ativos é o mais difícil", comentou Quintella.

 Depois de obter R$ 1,2 bilhão de faturamento em 2011, o grupo espera alcançar R$ 1,5 bilhão neste ano, sem considerar a Viva Ambiental. E após a compra da Cavo, a Estre pretende investir R$ 110 milhões em 2012, valor que também exclui a mais recente aquisição. Ambicioso, Quintella quer que seu grupo seja um dos cinco maiores do mundo em cinco anos no segmento de resíduos sólidos, no mesmo time de empresas americanas e europeias. Para alcançar tamanha importância, calcula que precisará faturar R$ 5 bilhões até 2016.

 Neste momento, a injeção de capital não se mostra um problema aos planos da companhia. A sociedade com o BTG Pactual, que detém 20,9% do grupo, e a Angra Infraestrutura (8,11%), gestora de fundos de private equity, ainda atende as necessidades da Estre, mas o presidente não descarta os planos de recorrer ao mercado de capitais.

 "Evidentemente, qualquer empresa que prevê demanda de capital e investimentos almeja um dia entrar num processo de abertura do capital, mas isso vai depender do próprio mercado e de nossa capacidade de estruturação", garantiu Quintella.

 Constantemente fazendo referência à profissionalização do setor nos Estados Unidos, onde há grupos especializados com ações em bolsa, o presidente da Estre admite a intenção de deixar o cargo de CEO em cerca de três anos, após um processo de maturação do grupo, e ficar apenas no conselho administrativo. Até lá, seu expertise no negócio é visto como fundamental para o plano de expansão. "Depois, espero que a Estre alce voo sozinha".

 Para crescer, contudo, a empresa segue interessada em parcerias e na busca de novos ativos. A aquisição da Cavo levou a Estre a ficar com 54% da UTR, especializada em destinação de resíduos hospitalares. A Solví também virou sua sócia na Loga, companhia de coleta de lixo na qual a Estre tem quase 40%, e na Essencis.

 Estre e Solví têm participação igualitária na Essencis, mas a sócia não tem interesse em dividir o controle. Por isso, está em curso um processo de arbitragem para decidir a questão. Quintella está otimista, mas mostra tranquilidade com relação ao desfecho da ação. "A Essencis foi um investimento muito importante, mas pagamos alto por ela no pacote da Cavo. Não tem problema devolver a empresa para a Solví se for o caso; é uma questão de preço", afirmou.

 Sobre denúncia de envolvimento da Viva em um contrato irregular para prestação de serviço à prefeitura de Maceió, feita pelo Ministério Público Estadual de Alagoas, o executivo garante que não haverá dolo ao grupo. Ele ressalta que os advogados da Estre estudaram o caso e, na negociação, parte do pagamento da aquisição foi contingenciada para o caso de a Viva vir a ser condenada em ação aberta pelo Tribunal de Justiça de Alagoas.

 Segundo Quintella, a ação não compromete nenhum contrato vigente da Viva Ambiental e trata-se de uma pendência do ex-dono da empresa, Lucas Queiroz Abud.Por Beatriz Cutait e Ivo Ribeiro Fonte:Valor Econômico 26/04/2012

26 abril 2012



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