16 março 2012

Mercado atrai fundos de outras origens

A forte expansão do comércio eletrônico brasileiro - que chegou a R$ 18,7 bilhões em 2011 e vem crescendo 35% ao ano, proporcionando o surgimento de empresas milionárias, como a Netshoes - tem atraído não só os fundos de participação do Vale do Silício.

Grupos europeus e latino-americanos também aproveitam a boa fase da internet brasileira para diversificar seus investimentos.

A companhia de participações alemã Rocket Internet, que tem €100 milhões em recursos para investir no Brasil, começou a atuar no país em 2010. Os primeiros aportes foram feitos no Clube Urbano (adquirido pelo GroupOn no mesmo ano) e a loja virtual de sapatos Dafiti. Os resultados obtidos com as duas empresas levaram os alemães a instalar um escritório em São Paulo, para selecionar novas opções de investimento.
O escritório foi inaugurado em outubro. De lá para cá, a Rocket Internet investiu em seis lojas virtuais - Kanui, Tricae, Mobly, Glossybox, Airu e WestWing - além da rede para compartilhamento de imagens Pinspire e do clube de compras de artigos de design Bamarang. Outras três startups devem ser lançadas neste semestre: 21Diamonds, YepDoc, e ZocPrint.

Wilson Cimino, fundador e responsável por novos negócios na Rocket Internet Brasil, afirma que a meta para este ano é abrir 30 empresas. "Há muitos nichos de mercado na internet capazes de gerar milhões de dólares e que não têm concorrência", diz. Diferentemente do que fazem os fundos de investimento do Vale do Silício, que escolhem empreendedores que já possuem uma startup ou um projeto, a Rocket Internet contrata profissionais que considera terem um perfil empreendedor e os convida para ser sócios das startups que planeja abrir. Em geral, são negócios com empresas semelhantes nos Estados Unidos.

Esse modelo de atração de empreendedores também é adotado pela companhia de investimentos espanhola IG Expansión, que reservou €25 milhões para investir em seis novatas brasileiras. No país, a IG Expansión já fez aportes nas empresas Viajanet, Shoes4You, Captalis e 55Social, em parceria com investidores-anjo e outros fundos de investimento.

José Marín, sócio-fundador da IG Expansión, adota duas estratégias para reduzir os riscos de apostar em startups que no futuro podem fracassar. A companhia escolhe investir em negócios que já tiveram sucesso nos Estados Unidos e elege um empreendedor para replicar o modelo no Brasil. Ou investe em startups que já receberam aportes de outros fundos de participações.

Essa postura mais conservadora dos fundos europeus é explicada em parte pelo fato de o mercado brasileiro de internet ser relativamente jovem. "É muito recente o surgimento de casos de empresas brasileiras que deram certo e atraíram investidores", afirma Romero Rodrigues, executivo-chefe e co-fundador do BuscaPé.

Mesmo para investidores que já atuam no país há mais tempo, só recentemente o cenário tornou-se mais atraente. A Kaszek Ventures atua no setor desde a década de 90, mas só nos últimos dois anos acelerou os investimentos no país, afirma o sócio-fundador Nicolas Szekasy. Atualmente, a Kaszek possui investimentos em oito empresas brasileiras, entre elas a Kekanto, a Open English e a Restorando.

Para Claudia Munce, diretora do IBM Venture Capital Group, a febre de investimentos em empresas de comércio eletrônico e internet representa uma primeira fase no amadurecimento do mercado. "Há sinais de maturidade para o empreendedorismo, o que criará um portfólio amplo de inovação", diz.

Há companhias que já veem esse potencial de inovação aflorando. A aceleradora de negócios 21212, com sede no Rio de Janeiro e em Nova York, já investiu em dez startups no país, incluindo a Resolve Aí e a Igluu. A companhia adotou um modelo de negócios novo no Brasil. Compra 20% de participação em diversas startups, com aportes inferiores a US$ 40 mil, e ajuda na profissionalização do negócio para acelerar sua expansão. Marcelo Sales, sócio-fundador da 21212, afirma que todas empresas em que investiu têm potencial para alcançar uma receita anual de R$ 100 milhões. Por Cibelle Bouças, Juliana Ennes e Gustavo Brigatto
Fonte:Valor16/03/2012

16 março 2012



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