09 março 2012

Brasil quer integrar internet com países sul-americanos

Anel óptico busca interligar banda larga entre vizinhos e deixar conexão mais veloz

46% do tráfego de dados vem de fora do país, 90% deste com parada nos EUA; valor mínimo é de US$ 100 mi

Os ministros de Comunicação dos membros da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) devem ratificar hoje em reunião em Assunção, no Paraguai, o plano de trabalho para integrar as redes de banda larga da internet entre os vizinhos, por meio de um anel óptico.

Em conjunto com o Plano Nacional de Banda Larga, o anel óptico "aumentará a capacidade e barateará o custo das conexões", afirmou a presidente Dilma Rousseff, na abertura da feira de tecnologia CeBIT, em Hannover, na Alemanha.

Outra iniciativa citada por Dilma para ampliar a infraestrutura tecnológica é a contratação da construção de cabos submarinos ainda neste ano para ligar o país aos EUA, à Europa e à África. Eles levam dados de internet do Brasil para outros países.

Hoje é necessário cruzar o oceano Atlântico para acessar do Brasil sites hospedados em países como Colômbia e Equador. A informação ruma aos EUA, por meio de um cabo submarino, e depois retorna, por outro cabo, pelo oceano Pacífico. No caso do Peru, o trajeto tem mais de 8.000 km. Com o anel, a distância cairia para 2.000 km.

Quando estiver funcionando, o anel óptico permitirá que o tráfego de informação não precise sair da América do Sul para circular entre os países. Mais de 46% do tráfego de dados vai para fora do país. Desses, quase 90% fazem um pitstop nos EUA. A velocidade nesses casos aumentará de 20% a 30%, afirma Artur Coimbra, diretor de banda larga do Ministério das Comunicações.

CONEXÃO

A implantação do projeto é dividida em três etapas. Na primeira, os pontos físicos de banda larga localizados nas fronteiras serão conectados para que a informação tenha um canal para passar de um país a outro.

De acordo com o Ministério das Comunicações, as ligações físicas com Argentina, Paraguai, Venezuela, Bolívia e Uruguai poderão ser feitas já neste ano.

A segunda etapa será protagonizada pelas empresas nacionais de telecomunicações dos países. Estatais onde houver, como no Brasil (Telebrás) e Argentina (Arsat); privadas nos outros.

Elas firmarão acordos com as empresas dos países fronteiriços. A ideia é que forneçam um tipo de autorização para que as companhias vizinhas consigam "enxergar" as redes internas de fibra ótica, os "backbones", complementando assim a conexão física da primeira etapa. Sem a conexão lógica do anel, a informação não circula.

Com prazo fixado em 2014, a terceira fase será construir redes até as fronteiras em que não há pontos de conexão. Até o Peru, por exemplo, serão necessários 250 km de malha. Bolívia e Guiana são os outros países da lista.

O valor mínimo estimado para o anel é de US$ 100 milhões. "Se decidirem aumentar as conexões com os países, o valor pode aumentar", afirma Coimbra. O BNDES deve oferecer linhas de crédito.

O plano prevê ainda a entrada das teles no anel por meio de pontos de troca de tráfego. Os países sul-americanos poderão também se beneficiar dos cabos submarinos brasileiros para se conectar à Europa. Mas isso dependerá de acordos futuros.O jornalista HELTON SIMÕES GOMES viajou a convite da SAP Brasil
Fonte:FolhadeSP09/03/2012

09 março 2012



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