01 fevereiro 2012

Troca de diretores na Inepar melhora governança

Saída dos irmãos Atilano de Oms e Jauvenal de Oms da diretoria dá perfil mais técnico à direção e ajusta a regras de listagem na bolsa.

A Inepar deu mais um passo para ajustar suas relações com o mercado.

Nesta manhã, a companhia anunciou que seus dois sócios controladores, os irmãos Atilano de Oms Sobrinho e Jauneval de Oms, renunciaram aos cargos de diretor presidente e diretor administrativo financeiro da companhia.

Trata-se de um ajuste às regras exigidas pelo Nível 1 da BM&FBovespa, segmento de listagem em que a empresa se encontra.

A listagem no Nível 1 exige que os cargos de presidente executivo e presidente do Conselho não sejam acumulados pela mesma pessoa, regra que a empresa ainda não respeitava. Atilano de Oms deve seguir como presidente do Conselho.

"Atilano cuida das parcerias da Inepar, da parte estratégica, então faz mais sentido ele ficar no Conselho de Administração", ressalta Felipe Miranda, gestor do fundo Gradius Gestão.

"A saída deles é um passo no sentido de aumentar a transparência e ter uma diretoria executiva na empresa", diz Dionísio Leleu, diretor de Relações com Investidores da companhia.

O cargo de diretor presidente deve ser ocupado por Cesar Romeu Fiedler. Também presidente da Iesa, subsidiária da Inepar que fornece equipamentos para a indústria petrolífera e uma das principais fornecedoras da Petrobras, sua nomeação é vista como a adoção de um perfil mais técnico na companhia.

"É positivo para a empresa, pois trata-se de uma pessoa muito competente", diz Miranda.

Esta é mais uma medida no processo de reestruturação da empresa. Visando aumentar as práticas de transparência, a companhia indicou Joaquim Paifer como membro do Conselho de Administração, representando os acionistas minoritários - cargo inexistente anteriormente.

Gestor da unidade da CM Capital Markets em Sorocaba, Paifer foi indicado por unanimidade, e a empresa frisou que a escolha se deu por sua participação ativa nas operações da empresa.

A nomeação ainda depende de aprovação dos acionistas, e a empresa prevê sua conclusão até o final de abril.

"Os principais passos para melhorar a governança já foram dados", diz Paifer. "Acho muito positiva essa reaproximação com o mercado", ressalta.

Contudo, ainda restam pendências. A companhia continua na tentativa de se desfazer de sua subsidiária, a Inepar Energia (IE) com o objetivo de abater parte da dívida de cerca de R$ 620 milhões que possui com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Para isso, quer transferir a fatia que a IE detém na Centrais Elétricas Matogrossense (Cemat) para o banco.

Além disso, a Inepar ainda não sabe como fará para extinguir seu braço de Telecomunicações. Criada no final dos anos 90, a Inepar Telecomunicações não possui mais operações ativas.

"Ao longo de sua história, a Inepar se diversificou demais", diz Leleu. "Claramente agora queremos nos concentrar em nosso core business."

Diante dessa mudança, a perspectiva é que a empresa já comece a publicar os balanços do primeiro trimestre de 2011 de acordo com as normas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A autarquia exige que a empresa ajuste o método de avaliação de preços de alguns de seus ativos, o que deverá resultar na republicação de seus balanços e na adoção das regras novas nos resultados futuros.

A Inepar, cujas ações chegaram a valer mais de R$ 50,00 nos anos 90, ficou à beira da falência no começo de 2000. Nessa época, recorreu a empréstimos do BNDES e a aumentos de capital. Hoje, a ação vale pouco mais de R$ 2,00.

Nos últimos anos, passou a ter lucros, puxada pelas operações da Iesa e pelos contratos com o metrô de São Paulo.

"A Inepar é a companhia mais barata na bolsa de valores. Ela carregava esse ônus da governança corporativa, mas agora está atingindo um nível melhor", diz Paifer. Por Felipe Peroni
Fonte:brasileconomico31/01/12

01 fevereiro 2012



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