09 fevereiro 2012

5 aquisições complicadas feitas por empresas brasileiras

Dívidas pesadas, mercados em queda, brigas societárias... às vezes, o acordo sai pela culatra

Regadas a champanhe e otimismo, aquisições sempre são vistas como belas oportunidades de expandir os negócios, melhorar os resultados e, enfim, facilitar a vida da empresa de alguma maneira. Difícil é assumir que, algumas vezes, era melhor não ter comprado nada, em vez de levar para a empresa um negócio problemático e – talvez, sem solução.

Veja a seguir cinco casos em que boas compras viraram grandes dores de cabeça para os novos donos.


Tenda pela Gafisa
No ano passado, a Gafisa perdeu mais da metade de seu valor de mercado, sendo agora avaliada em cerca de 2 bilhões de reais. Com um patrimônio líquido 75% maior que o valor em bolsa, a companhia está hoje à venda, graças ao descrédito dos investidores, conforme antecipou o blog Faria Lima, de EXAME.com.

Uma das causas dos maus resultados, segundo os analistas, é a compra da Tenda, em outubro de 2008. Na época, a companhia mineira tinha uma dívida de 73 milhões de reais e uma operação deficitária voltada para imóveis de baixo custo. Já nas mãos da Gafisa, a Tenda não deu lucro até hoje.

Segundo a própria companhia, a rentabilidade dos projetos da Tenda é próxima de zero, quando deveria ser de até 15% pelas projeções feitas no momento da compra. Os motivos vão desde má administração da venda dos apartamentos da marca até as dificuldades encontradas pelo mercado no ano passado, com o aumento dos custos bem superior aos planejados pelas construtoras.

Sendas pelo Pão de Açúcar
Quando a rede de supermercados Sendas foi comprada por Abílio Diniz, em dezembro de 2003, a ideia era ampliar os ganhos com a ajuda da nova marca. Mas não foi isso o que o empresário paulistano colocou em seu carrinho. A empresa criada com a fusão tinha 60% de suas ações com o Pão de Açucar e as demais em poder de Arthur Sendas, com o direito de vendê-las ao grupo de Abílio no caso de mudança de controle. O impasse começou em 2005, depois que o Casino fez um aumento de capital no grupo de Diniz. Sendas exigia a compra das ações e Abílio se recusava a comprar, pois defendia que o controle não havia sido alterado.

A depreciação do Sendas, a partir da gestão Pão de Açúcar, só azedava a discussão. Assim que assumiu a companhia, o empresário empreendeu uma ampla reforma nas lojas e um programa rígido de corte de custos – em 2003, o Sendas registrava um prejuízo de 163 milhões de reais. O desfecho só chegou há um ano, quando o grupo Pão de Açúcar comprou as ações remanescentes por 377 milhões de reais.

Inalca pela JBS
No final de 2007, o JBS Friboi pagou 225 milhões de euros no aumento de capital da empresa italiana Inalca, controlada pelo grupo Cremonini. Com 50% das ações em mãos passou, então, a travar uma batalha para participar da administração da companhia. Acontece que o grupo italiano não queria dividir o poder de forma alguma, a ponto de o JBS ter de recorrer pelo menos quatro vezes aos tribunais italianos, com o objetivo de conseguir nomear diretores para a empresa.

O desfecho da história veio apenas em meados do ano passado, quando a Cremonini usou o argumento de que, pela lei italiana, o JBS não teria esse direito – executivos da brasileira chegaram a ser barrados na portaria da Inalca e a direção italiana recusava-se a fornecer informações sobre a operação.

A solução, depois de tanto tempo e esforços gastos para nada, foi devolver as ações, que representavam cerca de 2% do faturamento global da JBS. Como indenização, a companhia recebeu 218 milhões de euros referentes aos 50% de participação que mantinha na joint-venture.

Varig pela Gol
Quando comprou a Varig por 320 milhões de dólares, em 2008, Constantino Júnior, da Gol, esperava que a aquisição de uma empresa tão emblemática fosse um passo crucial para a conquista da liderança do setor. Estava errado.

A empresa até hoje não correspondeu às expectativas da nova dona e estima-se que a Gol já tenha gasto mais de 1 bilhão de reais com a incorporação – além do risco de ter que desembolsar outros vários bilhões no pagamento de dívidas antigas da Varig.

Os compromissos assumidos com a compra, além de mudanças do cenário setorial no país, fizeram com que a Gol amargasse dívidas recordes em 2008. Para piorar, a operação de venda da Varig foi alvo de denúncias de favorecimento por parte do governo. Atualmente, depois de integrar as operações com a Varig, a Gol trabalha para ampliar o programa de milhagem Smiles, herança da adquirida. E já tomou folego financeiro suficiente para adquirir a Webjet, em junho do ano passado.

B2W pela Lojas Americanas
Quando a Lojas Americanas promoveu a fusão de sua operação online com o Subamrino.com, em 2006, a reação de investidores e analistas foi de euforia. Nascia ali a B2W, uma empresa de e-commerce sem proporções no mercado brasileiro. As pontocom tinham tudo para dar muito certo. Eram líderes de um setor em crescimento, tinham boa receptividade dos consumidores e donas de um sistema inovador de entrega em 48 horas. Com o tempo e a multiplicação de concorrentes, os desafios colocaram os negócios dos sites à prova. E, por consequência, estão pesando também nas contas da controladora.

A estimativa é que, quando lançada na BM&FBovespa, o valor de mercado da B2W era de 6,7 bilhões de reais. Até o final do ano passado, já valia 2,5 bilhões de reais – quando nasceu, a empresa representava cerca de 45,2% dos negócios da Lojas Americanas (cujo fatia variou de 53% a 57% desde a criação da empresa). Hoje representa cerca de 13% e um belo desafio.
Fonte:exame09/02/2012

09 fevereiro 2012



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