22 dezembro 2011

Cloud aquece modernização dos data centers no Brasil

Toda a movimentação é para aumentar a confiança dos contratos de terceirização da TI e mostrar que esses prestadores de serviços podem ser parceiros dos CIOs.

Os data centers brasileiros estão numa corrida para adequar seus ambientes à espera da demanda aquecida prevista em razão do crescimento das ofertas de serviços por meio do conceito de cloud computing. O setor continua investindo fortemente em expansão da infraestrutura e tem sido alvo de fusões e aquisições, iniciando nova fase de consolidação.

Toda a movimentação é para aumentar a confiança dos contratos de terceirização da TI e mostrar que esses prestadores de serviços podem ser parceiros dos CIOs, assumindo a parte operacional do departamento deles para que tenham mais tempo de se dedicar à gestão e aos negócios de suas companhias.

Para estar em linha com a expectativa atual, praticamente todos os data centers comerciais brasileiros estão aprimorando sua operação com a ambição de se tornarem dynamic data centers. São ambientes projetados para serem sustentáveis e eficientes energeticamente, oferecerem segurança máxima, estarem preparados para processar aplicações em nuvem e em conformidade com as melhores práticas internacionais. Ou seja, precisam dar garantias de que são capazes de cumprir rigorosamente os acordos de Service Level Agreement (SLAs).

Hoje, não basta que o data center atenda a esses requisitos para conquistar a confiança dos CIOs. Analistas afirmam que dizer que o data center é um “Tier 3” e garante 99,98% de disponibilidade não é o suficiente. É preciso comprovar a capacitação por meio de certificações de entidades reconhecidas. Com as novas exigências, alguns estão recorrendo a instituições como Institute Uptime e TÜV Rheinland para obter selos que comprovem que seguem as regras do mercado, o que deverá fazer a diferença na hora da venda dos serviços de cloud.

Para Alexandre Siffert, CEO da Ativas, data center que opera em Belo Horizonte (MG), ter ambiente dinâmico e em conformidade com as melhores práticas atrai negócios. Ele dá o exemplo da companhia que tem menos de dez meses de operação e que já conquistou cerca de 50 clientes de grande porte como a fabricante Itambé e a Unimed.

São clientes que estão terceirizando aplicações de missão crítica, como sistema de gestão empresarial (ERP) da Oracle, Totvs e SAP, que são hospedados e gerenciados pela Ativas. Siffert explica que a estratégia da companhia não é entregar apenas infraestrutura, mas fazer a gestão dos serviços e apoiar os executivos de TI, com relatórios que impactam em seus negócios.

No ritmo da nuvem

Na Alog, empresa brasileira adquirida no começo do ano pela norte-americana Equinix e o Rivewood Capital, a oferta de colocation faz parte das estratégias para impulsionar negócios. Victor Arnaud, diretor de Marketing e Processos de TI da companhia, informa que ainda há demanda pelo serviço e pode ajudar na migração para nuvem.

“Colocation é a porta de entrada para cloud computing”, acredita Arnaud que informa que 20% da sua base de clientes já contrata redes privadas nessa modalidade. Para tranquilizá-los sobre a localização física dos servidores, a empresa criou uma camada de software que identifica onde está cada máquina utilizada, seja em um dos três data centers do prestador de serviço no Brasil ou nos 99 centros de dados da Equinix, espalhados pelo mundo. A expectativa do executivo é que a adesão à nuvem chegue em 50% nos próximos dois anos.

A oferta de colocation também está presente no leque de serviços da Hostlocation, que conta com dois data centers em São Paulo. Mas o diretor da empresa, Marcelo Safatle, reconhece que a manutenção exige muito esforço por causa dos custos que são elevados. Atualmente, o provedor está apostando mais em cloud computing, que segundo o executivo é o carro-chefe em vendas para pequenas e médias empresas.

Em 2011, a Hostlocation investiu 3 milhões de reais em adequação do ambiente para nuvem, com ofertas de infraestrutura e software na modalidade de serviços pela rede pública. O provedor se prepara para lançar em 2012 pacotes de cloud 2.0 em ambientes privados e uma parceria com a norte-americana OneAp. “Vamos entregar não apenas servidores em nuvem, mas uma série de recursos para os clientes que quiserem montar seu próprio ambiente”, anuncia Safatle. De acordo com ele, a Hostlocation vai dar autonomia aos clientes para usarem 100% da infraestrutura do provedor, que cuidará do gerenciamento.

Essas novas preocupações fizeram com que os data centers brasileiros aprimorassem a gestão e ganhassem maturidade. Como resultado, os serviços são mais procurados. A modalidade em nuvem ainda tem baixa representatividade nos negócios em razão da falta de massa crítica de cloud no País, mas as expectativas mobilizaram o mercado para aguardar a demanda estimada de aquecimento. Enquanto isso, contratos de outras ofertas cresceram e o mercado deverá fechar o ano de 2011 com receita acima de dois dígitos, segundo estimativas dos institutos de pesquisas.

O diretor de Marketing do UOL Diveo, José Peyon, avalia que um dos fatores que estão puxando os negócios de data center é a forte necessidade de melhorar governança corporativa. Ele observa que por ser a bola da vez, o Brasil está registrando muitas fusões e aquisições em todos os segmentos da economia. Ao se unirem, essas companhias precisam atender a regulamentos do mercado e também investir em novas tecnologias, preferindo o outsourcing.

“A demanda por serviços de data center continua alta. Vamos crescer 30% em 2011”, informa Vagner Moraes, diretor de data center da Level 3 Communications, grupo norte-americano que estreou este ano no Brasil, com a compra da Global Crossing. Já prevendo aumento de contratos, a companhia está ampliando o centro de Cotia (SP). “Queremos ser o departamento de TI dos clientes”, diz o executivo.

Pelos cálculos do presidente da T-Systems, Dominik Maurer, a companhia fechará o ano com elevação no Brasil de aproximadamente 12%, estimulada principalmente pelas ofertas de Business Process Outsourcing. Para o próximo ano, a empresa espera avanço maior no País com a entrada no setor de governo.

Projeções da Frost & Sullivan apontam que o segmento de data center no Brasil deverá crescer 13% em 2011 em comparação à receita de 1,2 bilhão de dólares registrados em 2010. Segundo a consultoria, esse aumento é bem acima do previsto para mercados mais maduros. Os principais fatores para o desempenho são a procura maior das companhias pelo outosourcing de TI e o fortalecimento dos prestadores de serviços, que receberam injeção de investimentos tanto local quanto de provedores globais por meio de aquisições.

O analista sênior de mercado da Frost & Sullivan, Fernando Belfort, comenta que o Brasil tem atualmente a maior infraestrutura de data center da América Latina e que responde por 40% a 50% dos de serviços terceirizados de TI. Ele avalia que o segmento permanecerá em alta até 2016, com taxas de expansão acima de 10%.

Esses fatores devem atrair novos players internacionais, como a Amazon, que fechou alianças e acaba de anunciar o início das operações da Amazon Web Services LLC (AWS) no Brasil para, daqui, atender toda a demanda da América do Sul por meio de dois data centers instalados em São Paulo. A operação será comandado pelo executivo José Nilo Cruz, contratado em maio deste ano e que atuou nas áreas de vendas da Google, Sun e Promon Tecnologia.

Belfort diz que host dedicado está em alta no País e irá representar mais de 40% da receita do setor em 2011. Em segundo lugar, estão os serviços de armazenamento, com participação de 26% e que tende subir para cerca de 30% até 2016, puxado pelo fenômeno do chamado Big Data. O terceiro maior serviço desses provedores é disaster recovery, (sites de contingências), com fatia de 23% da receita total.

A previsão do analista é de crescimento desse tipo de solução nos próximos quatro anos em razão da necessidade das companhias por um segundo ambiente de dados para estar em conformidade com as regulamentações. Já o colocation, segundo a Frost & Sullivan, está em queda e representará 10% dos negócios em 2011, mas até 2016 cairá para de 5%. Por Edileuza Soares, da Computerworld
Fonte:Computerworld22:12:2011

22 dezembro 2011



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