08 novembro 2011

Sobre o Brasil, Roubini diz estar 'muito otimista'

O professor da New York University, Nouriel Roubini, afirmou estar 'muito otimista' com a perspectiva da economia brasileira para os próximos anos. 'Os bancos estão líquidos e sólidos, o País cresceu bem nos últimos anos, e na administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ocorreu uma redução significativa da iniquidade social a partir da melhora da distribuição de renda, com o aumento da geração de empregos', afirma Roubini.

No entanto, ele ressaltou que o PIB potencial do Brasil é pouco inferior a 4%. Isso faz com que, nas atuais condições estruturais da economia, quando o crescimento do País supera 6% provoca alta excessiva da inflação, o que requer a ação do Banco Central para desacelerar a atividade via política monetária. Segundo ele, o País tem restrições que precisam ser atacadas, como o aumento dos investimentos, inclusive em infraestrutura, a fim de elevar a produtividade da economia, o que permitiria no futuro a elevação do PIB potencial.

Em função da crise global, Roubini avalia que os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil, vão ser afetados. 'Os mercados emergentes já estão registrando desaceleração devido ao que ocorre nas economias avançadas, sobretudo EUA, Japão e zona do euro. A ascensão econômica dos mercados emergentes nos últimos anos gerou um ponto positivo, que é o mundo multipolar. Não existe mais G-7, mas sim o G-20. Ou seja, a economia mundial não tem só sete locomotivas, mas um número muito maior, e isso é bom', comentou. 'Contudo, a globalização tem o seu lado escuro.

Como os países não fazem comércio internacional com a Lua ou Marte, quando ocorre desaceleração da atividade, como é registrado hoje nos países avançados, o comércio mundial diminui. E isso abre chance para ocorrer guerras cambiais como destacou o ministro da Fazenda do Brasil', afirmou o economista.

China

Já na China, o economista avalia que pode haver um processo de 'hard landing', pois avalia como 'esgotado' o modelo econômico do país, baseado hoje em baixo consumo interno, altíssimos níveis de investimento e dependência excessiva de recursos obtidos com exportações. 'O governo de Pequim vai fazer tudo para que a economia continue crescendo, pelos menos, 8% nos próximos 12 meses. Mas, em 2013, pode ser que ocorra o hard landing do país', analisou.

Roubini destacou que a China possui dois problemas estruturais. Um deles é a baixa participação do consumo na formação do PIB, que é de apenas um terço - no Brasil, essa participação é de 60% e chega a dois terços nos Estados Unidos. Além disso, segundo o economista, o governo chinês estimula excessivamente os investimentos, que alcançaram 42% do PIB em 2008 e atingem, atualmente, 50% do produto. 'Uma aplicação tão alta de recursos para a ampliação da formação bruta de capital fixo, ano após ano, gera ineficiências', comentou.

Um dos efeitos colaterais desse fenômeno, segundo Roubini, é a ocorrência de bolhas imobiliárias, que estão fomentando uma alta expressiva do endividamento público. 'A dívida pública do governo central na China é de 17% do PIB, mas se forem somadas as dívidas de governos regionais e outros instrumentos, como sociedades de propósito específico, a dívida pública total chega a 80% do PIB, não muito distante da registrada pelos Estados Unidos', finalizou.Por Ricardo Leopoldo
Fonte:Agênciaestado8/11/2011

08 novembro 2011



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