12 setembro 2011

Um 'caldeirão' de empreendedores

O brasileiro Paulo Lerner mudou para San Francisco há seis meses. Ele criou sua empresa, a Kleintech, há dois anos no Rio de Janeiro e lançou, no começo deste ano, um site chamado Frugar, que permite às pessoas criarem listas de produtos. Agora, está para lançar um novo site nos Estados Unidos. 'Nosso objetivo é transformar a recomendação de produtos numa coisa divertida', disse Lerner. 'O Frugar foi lançado no Brasil e tem hoje 150 mil usuários.'

E por que ele se mudou para San Francisco? 'É muito difícil fazer inovação fora do Vale do Silício', afirmou Lerner. 'Aqui todo mundo está com a mesma cabeça, de startup, de tentar revolucionar. É onde se tem metodologia, onde as empresas sabem trabalhar rapidamente para chegar às inovações.'

A Kleintech tem seis pessoas no Vale do Silício e três no Brasil. 'Esse ecossistema fez com que viéssemos para o Vale do Silício. Desde o lado da captação de recursos e da equipe até a infraestrutura', explicou o fundador da Kleintech. O escritório da empresa fica no número 181 da Fremont Street, em San Francisco, num lugar chamado RocketSpace, especializado em alugar espaço para empresas iniciantes.

A RocketSpace tem cerca de 12 mil metros quadrados. As startups alugam o espaço já mobiliado. O preço é de US$ 650 mensais por mesa, com descontos para quem aluga mais mesas. No prédio há cerca de 80 empresas, todas de tecnologia, com uma ocupação total que varia de 250 a 260 pessoas. A maioria delas está num programa de incubação ou acabaram de receber investimento.

'Hoje eu tenho seis pessoas e, se amanhã, eu virar para o cara e quiser espaço para 20, terei 20. Depois, se precisar baixar para três, não tem problema. Existe flexibilidade e uma total compreensão das necessidades de uma startup. Enquanto no Brasil teria de assinar um contrato de três anos e dar garantias', afirmou Lerner.
Segundo Duncan Logan, fundador da RocketSpace, o objetivo da sua empresa é aumentar as chances de um empreendedor ter sucesso. 'Queremos ser um lugar popular para empreendedores e para investidores', disse Logan. 'O espaço físico é só uma plataforma.'

Antes de criar a RocketSpace, em fevereiro deste ano, Logan teve empresas de tecnologia e diz que sempre se deparou com uma diferença entre o que o dono do imóvel quer e a necessidade de empresas iniciantes. 'Viemos arbitrar essa diferença', disse ele. 'Achamos que podemos cobrar mais por oferecer essa flexibilidade.'

Roupas inteligentes. Numa sala de outro endereço de San Francisco, no número 350 da Townsend Street, está localizada a Innovalley, uma empresa de roupas inteligentes fundada por empreendedores espanhóis. Eles também criaram o Imagine Creativity Center, que oferece um programa de um mês para empreendedores que querem fazer uma imersão na cultura de negócios do Vale do Silício. A ideia é receber, duas vezes por ano, 12 pessoas para trabalhar em quatro projetos para 'mudar o mundo'. O programa inclui visitas a empresas importantes no Vale do Silício e workshop com profissionais da região.

A Innovalley foi criada há dois anos, e já vende bolsas com células solares para carregar as baterias de computadores pessoais e celulares. Tem oito pessoas em San Francisco. Dois cofundadores estão de Barcelona. 'É difícil ser um empreendedor na Espanha', disse Rosa Monge, gerente de projetos da Innovalley. 'Aqui é preciso trabalhar duro da mesma maneira, mas as pessoas aceitam melhor e ajudam mais.'

Depois da faculdade, Rosa trabalhou dois anos na Apple. Segundo ela, o ambiente no Vale do Silício é muito diferente do espanhol. 'Na Espanha, fracassar é ruim. As pessoas preferem trabalhar em grandes empresas. Se você começa algo novo, é difícil encontrar ajuda, é difícil encontrar investidores e, se as coisas não derem certo, as pessoas não veem da maneira correta. Aqui, o fracasso é uma maneira de aprender.'
Fonte: estadao11/09/2011

12 setembro 2011



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