10 setembro 2011

Brazil Pharma contra-ataca

A holding do banco BTG Pactual reage às grandes fusões do varejo farmacêutico e negocia a compra de redes na Bahia, em Minas e no Pará

O executivo carioca André Sá, presidente da Brazil Pharma, tem pressa. Nos últimos meses, a holding dirigida por ele, criada pelo banco BTG Pactual para ser a grande consolidadora do varejo farmacêutico brasileiro, foi atropelada por duas fusões bilionárias no setor e precisa reagir rapidamente.

A nova líder, a DPSP, resultado da união entre a Drogaria São Paulo e a Pacheco, passou a faturar R$ 4,4 bilhões.

A segunda colocada, Raia Drogasil, R$ 4 bilhões.

Assim, a Brazil Pharma, que tem sob seu guarda-chuva as redes Farmais, Guararapes, Mais Econômica e Rosário, adquiridas nos últimos dois anos, acabou ficando pequena: tem receita anual de R$ 1,1 bilhão. Uma afirmação jocosa de Sá demonstra sua surpresa com o ritmo frenético dos negócios. “Discutíamos se a consolidação demoraria dois anos ou 20 para acontecer”, disse à DINHEIRO. “Agora, parece, ela vai ocorrer em dois meses.” Segundo fontes do mercado, a BR Pharma, como também é chamada, chegou a demonstrar interesse pela Pacheco e São Paulo, mas as conversas não avançaram.

Sá corre para ganhar terreno e usar os R$ 414 milhões obtidos na abertura de capital da Brazil Pharma, em junho. A estratégia é crescer rapidamente fora de São Paulo, consolidando uma rede nacional de farmácias para contrapor-se às novas gigantes do varejo farmacêutico, cujas lojas estão concentradas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Atualmente, a Brazil Pharma está no Nordeste, Centro-Oeste, no Sul e em São Paulo (leia quadro). Ocupa o terceiro lugar no ranking em número de lojas, com 681, pouco menos que as 691 da DPSP e 700 da Raia Drogasil. Mas seu faturamento é menor que o dos concorrentes, porque 358 de seus pontos de venda são franqueados. Além do agressivo plano de expansão orgânica, com abertura de 75 lojas neste ano, Sá está acelerando as negociações para comprar grupos regionais. De acordo com fontes que acompanham o assunto, a Brazil Pharma está em tratativas com três redes: a Araújo, a maior de Minas Gerais, com 100 lojas, a Big Ben, com sede no Pará e 134 lojas também nos Estados do Maranhão, Piauí e Pernambuco, e a Farmácia Santana, uma das líderes da Bahia, que tem 100 lojas. A perspectiva é de anunciar pelo menos uma aquisição até o fim do ano.

Se conseguir fechar as três compras, a BR Pharma assumirá a liderança no País em número de pontos de venda, ultrapassando a marca de mil. O faturamento também pode dobrar, já que só a Araújo tem receita de R$ 850 milhões. O modelo seria semelhante ao dos negócios já fechados pela empresa: os atuais donos das redes ganham uma participação na holding e permanecem como operadores na região. A BR Pharma e as redes regionais não confirmam oficialmente as negociações. A opção da Brazil Pharma pelo interior explica-se, segundo o presidente, pela maior rentabilidade. “Fora do eixo Rio-São Paulo temos maior retorno, porque a competição é menor e o número de clientes cresce mais”, afirma Sá. É nas localidades mais distantes dos grandes centros que as classes C e D estão experimentando maior acesso a diagnósticos e tratamentos médicos. Também favorece os resultados a maior participação de medicamentos genéricos , que têm margem bruta maior, na receita. Sá e o diretor de relações com investidores, Renato Lobo, exibem como prova a margem bruta no segundo trimestre, de 34,3%, cinco pontos percentuais acima dos 29% da Drogasil.


No entanto, o modelo da BR Pharma, que junta redes distantes numa só companhia nacional, é visto por críticos como uma colcha de retalhos e traz desafios importantes, como a estrutura pesada de custos. Para desenhar um plano de racionalização, acaba de ser contratado o executivo Flavio Sanchez, que coordenou, na Ambev, a integração entre a Brahma e a Antarctica.

Um novo centro administrativo para todas as redes deve ficar em São Paulo ou no Rio Grande do Sul. O mercado ainda tem dúvidas sobre os efeitos do contra-ataque planejado pela BR Pharma. Ainda que bem-sucedido, não garante que a rede do BTG Pactual atinja seu objetivo inicial de capitanear o setor. “É possível que, no longo prazo, a empresa vire alvo de consolidação para as líderes do Sudeste”, afirma Guilherme Assis, analista da corretora Raymond James.
Fonte:istoedinheiro09/09/2011

10 setembro 2011



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