01 setembro 2011

Análise: Cenário econômico instável limita avanço de ações da Braskem

Depois de fazer importantes aquisições dentro e fora do Brasil desde o início de 2010, era natural que os papéis da petroquímica Braskem bombassem na bolsa. Apesar de um ótimo desempenho em 2010 e importante movimento de aquisição este ano, as ações da companhia brasileira acumulam em 2011.

A culpa não é da Braskem, afirmam os analistas ouvidos pelo Valor. O mercado de capitais não tem ajudado muito, nem o cenário macroeconômico global. Para completar, o ciclo de alta do setor petroquímico deve atrasar mais um ou dois anos.

A empresa anunciou no início de 2010 a incorporação da Quattor em parceria com a Petrobras, tornando-se a maior petroquímica das Américas. O grupo também comprou no início de 2010 os ativos da Sunoco nos EUA (três fábricas de polipropileno), fazendo sua estreia em território americano. E, neste semestre, a companhia adquiriu os ativos da Dow Chemical — nos EUA e uma planta na Alemanha — marcando também sua presença fora das Américas.

No Brasil, a empresa também tem planos ambiciosos, com investimentos em resina verde, com uma planta de polietileno em Triunfo (RS), em operação desde setembro do ano passado, e um novo projeto para polipropileno verde, que deverá ser anunciado ainda neste ano. Outros investimentos no país estão em curso, dando mostras que a companhia está aproveitando o período de crise internacional para expandir seus negócios.

Mas ao fazer uma análise sobre o comportamento das ações da companhia na Bovespa, esse momento de expansão não espelha nos papéis. Ontem, as ações da companhia encerraram a R$ 18,90, com alta de 5,59%. No acumulado do mês de agosto, a alta é mais tímida, de 2,77%. No ano, os papéis estão desvalorizados em 3,71%. O retrato de 2010 é mais pujante: a valorização foi de 44,67%.

Mesmo com todos os investimentos feitos pela companhia recentemente, o mercado olha o cenário global petroquímico. O desaquecimento econômico mundial e a persistência do ciclo de baixa desse setor — a previsão era que o cenário mudasse em 2012, mas as novas expectativas apontam ciclo de alta do setor petroquímico para 2013 ou 2014. “Os emergentes não têm força para crescer sozinhos”, disse um analista. “Parece que o gato subiu no telhado. As grandes economias não estão bem. O cenário é de instabilidade”, afirmou o mesmo analista.

Enquanto a Braskem cresce no Brasil e fora do país, algumas empresas petroquímicas globais estão puxando o freio, ainda como reflexo da crise financeira desencadeada a partir de setembro de 2008. Muitas unidades foram desativadas nos EUA e também na Europa. O pujante mercado do Oriente Médio, mais competitivo em gás natural, também não cresce como o prometido. E é nessa fotografia global que o mercado tem se espelhado.
Fonte:valoreconomico01/09/20011

01 setembro 2011



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