11 julho 2011

Empresas portuguesas que estão a dar que falar no Brasil

A economia brasileira é uma das 10 maiores economias e os sinais para os próximos anos apontam todos no mesmo sentido: crescimento. EDP, Galp e Mota-Engil são três empresas do PSI 20 com negócios no Brasil.

EDP avança com venda de 14% do capital da EDP Brasil já em Julho
António Mexia, presidente executivo da EDP, sempre disse que a estratégia da EDP no Brasil passava pela manutenção da maioria do capital. Apesar desta certeza, até início de Julho, a eléctrica nacional vai colocar à venda 14% dos 64,7% que detém no mercado brasileiro. Uma operação que, quando se concretizar, proporcionará à empresa um encaixe à volta dos 436 milhões de euros. Para a decisão da venda desta participação terá contribuído a dívida acumulada de 16.300 milhões de euros no final de 2010. A venda desta participação está aberta a investidores institucionais e individuais e, entre os interessados, fala-se da brasileira Electrobras e da China Power International. O programa de investimentos da EDP previsto até 2012 prevê medidas de redução de custos. Entre Janeiro e Março deste ano, a EDP já conseguiu diminuir para 16 mil milhões de euros a sua dívida líquida. No mesmo período, o EBITDA atingiu os 1.008 milhões de euros, mais 7% do que no mesmo período de 2010. O Brasil contribuiu com 20% para este resultado. A EDP está presente no Brasil com distribuição e produção de electricidade. Tem uma potência líquida de 6.919 gigawatts (GWt) por hora e distribui 21.313 GWt, dando emprego a 2.365 pessoas. A semana passada adquiriu os direitos de exploração da central hidroeléctrica de Santo Antônio do Jari, com 300 megawatts de capacidade instalada.

Aumento de capital obriga venda até 25% da Petrogal Brasil
A Galp precisa de vender entre 20 a 25% da sua participada Petrogal Brasil para fazer um aumento de capital de dois mil milhões de euros ou mais, o que está previsto acontecer até final do ano. O objectivo desta operação é garantir a sustentabilidade económica a longo prazo no Brasil e fazer com que o mercado brasileiro deixe de estar financeiramente dependente da Galp. Ferreira de Oliveira, presidente executivo da Galp, já excluiu a hipótese de dispersão em bolsa de parte do capital da Petrogal Brasil. E já afirmou que não quer vender uma participação muito grande porque o Brasil ainda tem necessidades de investimento. Mas um estudo do banco suíço Credit Suisse, que a petrolífera portuguesa não comenta, avança que a Galp deverá vender 30%da Petrogal. A entrada de novos investidores no capital da Petrogal Brasil tem de ter o aval da Petrobras, petrolífera brasileira que é parceira estratégica na área da exploração e produção petrolífera e dos biocombustíveis. É esta a operadora também dos 22 projectos petrolíferos em que a Galp participa no mercado brasileiro. A Galp, que está em oito regiões do mundo, tem o Brasil como o seu alvo prioritário. Será criada uma ‘pool' de bancos de investimento internacionais para apoiar esta operação financeira. Nesta fase, sabe-se que as empresas chinesas Sinopec, CNOOC e Petrochina, assim como investidores árabes do Abu Dhabi estão entre os interessados nestes activos.

Grupo Mota-Engil quer entrar em novas áreas de negócios no Brasil
O grupo português presidido por António Mota está a operar no Brasil desde Janeiro de 2009. "A nossa área de intervenção e o que pretendemos reforçar são as concessões de transportes, resíduos e construção", afirmou ao Diário Económico fonte oficial da empresa. Mas o grupo Mota-Engil quer desenvolver outras áreas de negócios onde já tem experiência e capacidade internacional. Exemplo disso são os sectores da água e saneamento e terminais portuários. "Temos também a intenção num futuro a curto prazo de adquirir uma empresa de construção brasileira que está em vias de concretização", avançou a mesma fonte. A Concessionária Rodovias do Tietê, uma concessão rodoviária , com 440 km em operação no interior do Estado de São Paulo, é um dos projectos que o grupo Mota-Engil gere em consórcio com a grupo Bertin, com a Leão & Leão e Ascendi, onde a portuguesa tem uma participação de 40%. Outro dos projectos é a Geovision, empresa de recolha e tratamento de resíduos urbanos, industriais e de saúde. Actualmente, esta empresa opera em três aterros sanitários e tem contratos de recolha com cerca de 15 municípios no interior do Estado de São Paulo. Neste consórcio com o grupo Leão e a SUMA (da qual é accionista), o grupo Mota-Engil participa com 50%.

Portugal Telecom é a tecnologia para massificação da banda larga
Zeinal Bava, o presidente executivo da Portugal Telecom (PT), cedo reconheceu que o Brasil era estratégico e acredita que "o mercado das telecomunicações brasileiro está a caminhar para a integração de serviços de voz vídeo e dados". A PT está, hoje, presente no Brasil através da participação de 25,6% que tem no capital da Oi, maior operadora de telecomunicações brasileira. E esta é uma parceria com sinergias bem superiores às que tinha, no passado, com a Vivo, anterior operadora que a PT detinha e cuja participação vendeu, no Verão de 2010, à Telefónica.
À semelhança da PT, também a Oi desenvolve o seu negócio na operação fixa e móvel. Hoje, a operadora brasileira tem 64 milhões de clientes, mas figura apenas em quarto lugar no que se refere aos clientes móveis. Uma área em que a PT estava "habituada" a liderar quando tinha a Vivo. Tal significa que existe um potencial de crescimento enorme e, como lembra Zeinal Bava, "os desafios que a Oi enfrenta e a transformação necessária não são muito diferentes daquilo que a PT passou". O Brasil continua a ser o mercado internacional mais importante para a PT e é a ponta de lança para os mercados da América Latina. O desafio para os próximos tempos é a aposta na tecnologia com vista à massificação da banda larga no território brasileiro. As sinergias são para serem usadas: enviar pessoas para o Brasil para trabalhar nas equipas dos projectos conjuntos e vice-versa.

Cimpor e os três grandes projectos de investimento até 2014
A Cimpor chegou ao Brasil em 1997 e iniciou a sua actividade pela aquisição de operadores locais, em duas fases, uma em 1997 e outra em 1999. Hoje tem oito unidades de produção de cimento, seis fábricas e duas moagens; 32 centrais de betão, uma unidade de exploração de agregados e duas unidades fabris de argamassas. Alexandre Lencastre, presidente da Cimpor Brasil, explicou ao Diário Económico que a empresa definiu "três importantes projectos de investimento, com o objectivo de reforçar a oferta e, desta forma, acompanhar o previsto crescimento do mercado brasileiro para os próximos anos". E será com estes três investimentos que a Cimpor pode aumentar a capacidade produtiva no Brasil em 40% para um patamar superior a 10 milhões de toneladas. Assim, 160 milhões de euros destinam-se à construção de uma nova fábrica em Caxitu, entre 2011 e 2013. Outros 80 milhões de euros, também a aplicar no mesmo período, visam a instalação de mais uma linha de produção de clínquer na unidade de Cezarina, no Estado de Goiás. E um investimento de 190 milhões de euros na construção de uma nova fábrica integrada de produção de clínquer e cimento em Cerrado Grande, no Estado do Paraná (Sul). A Cimpor conta com cerca de 1.629 trabalhadores no Brasil. o que representa quase 20% do total de colaboradores do grupo.

Brasil é o segundo principal mercado internacional para a Sonae
O grupo Sonae, liderado por Paulo Azevedo, está presente no Brasil desde a década de 90. Desenvolve negócios em várias frentes através de três das suas empresas: SonaeCom, na área de ‘software' com a WeDo Technologies Brasil; Sonae Sierra no sector do imobiliário, e MDS com a corretagem de seguros. "O Brasil é o segundo principal mercado internacional da Sonae a seguir a Espanha", afirmou ao Diário Económico fonte oficial da ‘holding'. O volume de negócios da Sonae no Brasil ascendeu a 62 milhões de euros em 2010, mais 78% face aos 35 milhões registados em 2009. Há que destacar "os fortes investimentos em curso pela Sonae Sierra no desenvolvimento de novos centros comerciais", salienta a mesma fonte. Do total de 49 centros comerciais que a Sonae Sierra é proprietária, dez estão no Brasil. E tem mais três novos projectos em desenvolvimento. A Sonae garante que "está atenta a oportunidades de crescimento neste mercado através de formatos ennegócios dos seu portefólio que apresentam vantagens competitivas face aos existentes no Brasil". Já a MDS Brasil é o terceiro ‘player' no mercado de corretagem de seguros no Brasil, com 12 escritórios em seis estados. Com um volume de negócios de 46 milhões de dólares (32 milhões de euros), a MDS conta com mais de 700 mil clientes individuais e 9 mil clientes empresariais.
Fonte:economicosapo10/07/11

11 julho 2011



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