13 junho 2011

AGV compra empresas para fazer frente à concorrência

São Paulo - A AGV Logística tornou-se em maio o operador de maior presença geográfica do Brasil ao adquirir duas empresas, a Exata Logística e a Exata E-Commerce: agora, a companhia de Vinhedo (SP) conta com 75 bases distribuídas em 20 estados. Com elas, é capaz de atingir todos os municípios do Brasil. E espera faturar R$ 850 milhões este ano, contra R$ 657 milhões que levantou em 2010 (crescimento de 30%) e R$ 280 milhões em 2009. A estratégia é ganhar porte em um mercado que, ao que tudo indica, será dominado por gigantes no Brasil.

"Para fazer frente aos grandes players nacionais e internacionais de logística que atuam por aqui, temos de crescer na gama de serviços oferecidos, no faturamento e presença no território", atesta Thomas McDonald, sócio do fundo Equity International e membro do Conselho de Administração da empresa. Aliás, a AGV tem uma característica peculiar: é a única companhia de logística brasileira que recebeu investimentos (isto em 2008) do bilionário americano Sam Zell, famoso por suas incursões no setor imobiliário local. O Equity International, que pôs recursos na AGV, pertence a Sam Zell.

Site
Fundada em 1998, a empresa faz armazenagem e distribuição de produtos, logística reversa, gestão de operações in-house e, em especial, transporte de bens sensíveis e carga extrapesada. Trabalha para empresas como AmBev, Walmart, Pfizer, Siemens e Basf. No ano passado, a AGV já havia se fundido com outra operadora, a AGR Rodasul, e adquirido três companhias: GTech, Revitech e G-Log.

"Sempre buscamos empresas que venham agregar valor ao nosso portfólio de serviços", afirma o presidente da companhia, Vasco Oliveira Neto. "Compramos agora a Exata Logística e a Exata E-Commerce por três razões: garantir presença no norte e no centro-oeste do País, onde elas eram fortes; melhorar nossa expertise em tecnologia e absorver os trabalhadores de ambas, que são bastante qualificados." Vale observar que as Regiões Norte e Centro-Oeste, citadas por ele, têm no extrativismo vegetal e na mineração (a primeira) e no agronegócio (a segunda) seus esteios econômicos, e ambas são carentes de mais transporte para se desenvolverem.

Tais aquisições fizeram a AGV totalizar uma área de armazenagem de 400 mil m², 4.650 funcionários, 220 clientes e frota própria de mais de 800 veículos. Seu último lance foi, neste mês, lançar uma nova versão do site da empresa, visando a oferecer informações atualizadas ao público.

Novas fusões
O setor nacional de logística conta hoje com cerca de 130 empresas, que disputam um mercado que, em 2010, gerou receitas totais no valor de R$ 39 bilhões, aproximadamente. Fatores como os recorrentes aumentos do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o crescimento das trocas comerciais internas e externas do País, e em especial a desconcentração da economia nacional, tornam as companhias da área cada vez mais importantes. Mas elas precisam investir em gerenciamento e rastreamento de veículos, treinamento de pessoal, construção de centros de estocagem e renovação de frota.
"Em 2010 a AGV destinou R$ 12 milhões para expandir armazéns e outros R$ 15 milhões na compra de veículos", conta Oliveira Neto. "Em 2011, já separamos R$ 15 milhões para a aquisição de 70 novos caminhões". Mas dispor de tanto dinheiro exige tamanho por parte da empresa. "O crescimento estrutural da AGV prosseguirá em 2012 com a realização de novas fusões, e desta vez elas serão internacionais", revela o executivo. "No momento, estamos analisando os mercados de logística do México, da Colômbia e da Argentina, em busca de oportunidades."

IPO
Algumas das maiores empresas deste setor no Brasil, curiosamente, não têm a logística como foco principal. É o caso da Vale e da Copersucar, que fazem a atividade apenas para atendimento de suas próprias necessidades. Mas o porte delas é tão significativo que, mesmo atuando de forma restrita, elas figuram entre os grandes players da logística nacional.

Porte: este é o nome do jogo na área. Se considerarmos os valores de receita operacional líquida do ano de 2009 (os últimos disponíveis), a AGV seria hoje a 7ª maior empresa nacional do setor. Seu presidente, Vasco Neto, aventa a possibilidade de abrir o capital da companhia através de uma oferta inicial de ações (IPO) que lhe traga mais recursos: "No momento certo, a AGV deve buscar o mercado de capitais via IPO. A oportunidade ideal para tanto depende de conseguirmos reunir as pré-condições necessárias, em especial um tamanho significativo. Também queremos que o mercado de ações esteja em uma fase de bom desempenho para darmos este passo", finaliza ele, com prudência.

Fonte: DCI 13/06/11

13 junho 2011



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